A malta gosta de bola, prontos. Uma vez até fizemos um site, que se chama maisfutebol. Somos jornalistas e tudo. Mas aqui não. Diagnósticos, prognósticos e inseguranças técnico-tácticas para maisfutebol@iol.pt

segunda-feira, maio 30, 2005

Nada de confusões...

O Vitória ganhou bem a Taça. Minto: ganhou muitíssimo bem. Porque quis mais. Porque se preparou melhor. Porque teve a atitude certa para abordar uma final como não-favorito e a serenidade de não deixar que um golo sofrido tão cedo mudasse alguma coisa no plano. Ter uma referência criativa tão definida como Jorginho ajuda a ter ideias claras. E não entrar em campo já com a sensação do dever cumprido ajuda a não diluir os objectivos. Sejam eles individuais (chegar primeiro à bola, fechar primeiro o espaço, ver primeiro a linha de passe) ou colectivos (levar o caneco, levar o caneco, levar o caneco).

Duas notas apenas: para a festa merecida de Hélio, corolário perfeito para uma história bonita de um futebol de outros tempos; e para o equívoco histórico que o golo de Meyong evitou: se até agora tinha havido nove equipas do Benfica a conseguir a dobradinha, em caso de vitória alguém poderia ser levado a concluir, iludido pela frieza dos números, estar perante uma das dez melhores equipas da história do clube. Convenhamos: o Benfica não mereceria tamanha afronta.

(by Espoliado de Incheon)

sexta-feira, maio 27, 2005

Eia, ó coiso, com esta é que lixaste isto tudo...

Não é novidade nenhuma que gostar de futebol e gostar de um clube são coisas bastante diferentes. Até há aquela frase-feita, tão banal, tão verdadeirazinha, tão bem-comportadinha que já chateia mais do que boxers de lã em genitália depilada (e, não, não tenho nem uma coisa nem outra): «os portugueses não gostam de futebol, gostam dos seus clubes». Ahsssssiiim?! So what?

A questão é mais profunda do que isso. Porque «gostar de um clube» e «gostar de futebol» não são só coisas diferentes, são conceitos mutuamente exclusivos. É preciso optar. Quem gosta do seu clube não gosta de futebol. Quem gosta de futebol tem de estar preparado para ridicularizar todos os que o maltratam, mesmo que sejam do «seu» clube. Com todas as letras: quem é capaz de pôr o sufixo «ista» à frente da palavra que define a sua relação com o futebol não faz a mínima ideia do que é gostar de futebol. E não precisa: já tem o seu clube. Bom proveito.

Há quem, sem perceber do que fala, argumente que não ter clube é uma defesa da neutralidade e da objectividade e que estas são palavras incompatíveis com o futebol. Puro disparate: não ter clube pode ser tudo, mas não é, de certeza, uma defesa da neutralidade e da objectividade. É, pelo contrário, a forma mais consistente de se ser parcial. É, se quiserem, o salvo-conduto para torcer irracionalmente, se for preciso por mais do que uma equipa no mesmo jogo, tendo como referência valores que estão muito para lá das cores, dos equipamentos, dos anos de fundação e dos números de sócio.

É aterrar num Southampton-Charlton e tomar partido por alguém, com o mesmo fervor e a mesma subjectividade com que se toma partido num F.C. Porto-Benfica. É aterrar num F.C. Porto-Benfica e torcer pelo Benfica na primeira parte, e pelo F.C. Porto na segunda, se o jogo assim o exigir. É torcer para que os lances de ataque dêem certo e insultar mentalmente os defesas que impedem que as jogadas desaguem em golos. É deitar os fumos dos couratos, das bifanas e das farturas para o caixote do lixo da História, juntamente com os cachecóis de contrafacção, as bandeirinhas de poliester e os autocolantes da janela de trás do carro.

É perceber, no fundo, que o «amor à camisola» é um conceito limitado e redutor quando comparado com o «amor ao jogo». Ter amor à camisola é ser fiel a um guru. Ter amor ao jogo é ser leal. Para com os outros, os adversários, os colegas de equipa, nós próprios, o mundo.

Como nas questões religiosas, é inútil que os habitantes de um lado tentem converter os do outro. A decisão é individual, íntima, e, como tudo o que diz respeito à fé ou à ausência dela, faz parte do mais profundo de cada um de nós. A única coisa que importa é assumir as diferenças. E as distâncias. Adeptos de futebol e adeptos de clubes não são compatíveis. Ponto.

Por isso, neste caso, e apenas neste caso, sou favorável à segregação ideológica, aos mecanismos de controlo da Guerra Fria (muros de Berlim e quejandos), a todas as formas de despotismo capazes de assegurar que nunca, mas nunca mais, se confundem coisas tão diferentes. De um lado o futebol, do outro os clubes, ok? Ficamos assim? Quem diz que gosta das duas coisas não é um adepto nem é nada: é apenas um equívoco com pernas, um desperdício de oxigénio e espaço, um lapso na cadeia de evolução.

E agora alimpem-se aí a este guardanapo e encham-me a caixa de correio com «hate mail», que eu vou passar o fim-de-semana e já volto.

(by Espoliado de Incheon)

Futebol faz bem à saúde: demonstração prática

Queria só aproveitar, fachavor, para agradecer ao Ancelotti não ter posto o Rui Costa mais cedo contra o Liverpool. Assim, à falta de qualquer pretexto para me identificar com uma das equipas, pude passar a final inteirinha a embirrar com toda a gente:

- com o Rafa Benitez e o Liverpool na primeira parte;
- com o Ancelotti e o Milan na segunda;
- com o cabelo do Cissé sempre que pude;
- com a UEFA desde que soube que a final era em Istambul;
- com o meu filho sempre que se punha à frente do écran;
- com o José Marinho quando que me distraía e ligava o som;
- com o Dudek o tempo todo (detesto imitadores sem talento, especialmente imitadores de originais já de si tão fatelas como o Grobelaar);
- com o Berlusconi, desde que me conheço;
- com o Ancelotti, outra vez, porque para lançar o Rui Costa a oito minutos do fim mais valia estar quieto.

Dizem que o jogo foi empolgante, inesquecível e mais não sei o quê. É bem capaz de ter sido, mas eu estive demasiado entretido a descarregar verrina para dar por isso. E sinto-me muito melhor assim: estou naquela fase da vida em que a a profilaxia das crises de fígado começa a ser mais importante do que juntar outro jogo inesquecível à minha galeria de recordações.

(by Espoliado de Incheon)

segunda-feira, maio 23, 2005

Está tudo bem, mister

Acaba por ser uma das imagens da Superliga. No último jogo, em Alvalade, frente ao Nacional, Douala viu a placa com o seu número nas mãos do 4º árbitro. Peseiro ia trocá-lo por Pedro Barbosa. Aos 25 minutos.

Qualquer semelhança com pessoas e situações na descrição que se segue é pura coincidência:

Peseiro - Então, filho, como estás? Está tudo bem?
Douala - Está tudo bem, mister. Estou um pouco cansado. Estes 25 minutos foram difíceis, mas estamos em cima deles. Agradeço-lhe a substituição, sinceramente.
Peseiro - Ainda bem! Estou com fé que o Pedro resolva o jogo.
Douala - É isso, estou consigo! Força, Pedro! Para a direita, para a direita... Ainda vamos ser campeões...

Pedro Barbosa não mudou o jogo e foi expulso, com dois amarelos separados por dois minutos (61 e 63). Nas imagens televisivas, viu-se Douala a afastar Peseiro, sem o cumprimentar, logo após a substituição. Sentou-se isolado no banco, com cara de poucos amigos. O Sporting perdera o título na Luz. E perdera o último jogo em Alvalade, frente ao Nacional (2-4).
(by El Pibe da Trafaria)

O óbvio

A ironia suprema na última jornada. O Benfica empatou no Bessa e conquistou o título, mas se, por acaso, o Boavista tivesse feito das tripas coração para ganhar - foi assim, não foi? - e o conseguisse, a equipa de Trap podia festejar à vontade. Porque o F.C. Porto não conseguiu ganhar à Académica no Dragão. E, se tudo dependesse de outros concorrentes, convém lembrar que o Sporting foi humilhado em casa pelo Nacional e o quase-candidato Sp. Braga perdeu em Moreira de Cónegos por 2-1. Por isso, está bem! A melhor expressão para definir esta Superliga surgiu ontem na redacção do Maisfutebol e coloco-a neste post, assumindo o plágio: "O Benfica foi campeão por falta de comparência"*.

* A expressão seria idêntica para F.C. Porto, Sporting e Sp. Braga ou qualquer outro dos clubes da Superliga.
(by El Pibe da Trafaria)

sábado, maio 21, 2005

A estratégia dos milagres múltiplos

Submetido, durante 120 minutos, a um colossal banho de bola, dado por Ronaldo, Rooney e companhia, o Arsenal esperou por um milagre. Depois por mais outro. Depois ainda outro. E mais outro. Quando chegaram os «penalties», a conquista do caneco era uma evidência, que o falhanço de Scholes se limitou a formalizar: atingindo o ponto G das equipas defensivas, o tal que garante milagres múltiplos até ao último apito do árbitro, a equipa de Arsène Wenger tinha-se tornado simplesmente invencível.

Que um técnico reputado pelo seu futebol sedutor e ofensivo tenha cuspido na cara de uma tradição centenária, fazendo deste Arsenal, na prática, a primeira equipa italiana a ganhar uma Taça de Inglaterra*, eis uma daquelas ironias que o futebol vai semeando, de tempos a tempos, para se rir de todos os esteriótipos e preconceitos com que julgamos decifrá-lo. Na verdade, desde que a bola salta, é ele que nos decifra a nós.

* Não há aqui qualquer confusão geográfica: ser italiano, no futebol, é um estado de espírito, não uma nacionalidade

(by Espoliado de Incheon)

A queda definitiva do império britânico...

... consumou-se há meia dúzia de horas, em Cardiff. Uma final da Taça de Inglaterra decidida a «penalties» é, para a pequena História do futebol, um acontecimento tão marcante como, para a grande História dos últimos cem anos... sei lá... a queda do Muro de Berlim, o aparecimento da SIDA ou até a primeira ida de Nuno Rogeiro a um canal de televisão. A partir de agora, tudo se tornou possível no futebol. Mesmo a selecção norte-americana ganhar um Mundial, um destes dias. Com o Luís Campos como seleccionador.

(by Espoliado de Incheon)

quinta-feira, maio 19, 2005

Rosebud

Vais para casa a pensar que não estás triste. Porque não és adepto do Sporting. Porque já sabias que o CSKA era melhor. Porque já esperavas qualquer coisa assim. Vais puxando pela memória e reforças os argumentos da tua não-tristeza com locais e datas:

(Lisboa, 18 de Maio de 1983, Benfica-Anderlecht;
Basileia, 13 de Maio de 1984, Juventus-F.C. Porto...)


Pensas nos jogos em que entraste e perdeste, nos penalties que falhaste, em todas as tuas derrotas, com ou sem uma bola pelo meio, e confirmas que não estás triste, nem derrotado, porque esta noite não mexeu contigo nem deixou cicatrizes como aquelas outras noites que vão acompanhar-te o resto da vida

(Marselha, 23 de Junho de 1984, França-Portugal;
Guadalajara, 11 de Junho de 1986, Marrocos-Portugal;
Birmingham, 23 de Junho de 1996, Rep. Checa-Portugal...)


e entretanto chegas a casa, o miúdo a dormir, finalmente em paz, finalmente conformado com mais uma prova de que as coisas não são sempre como nós queremos e passas-lhe a mão pelo cabelo e metes-te na cama e mesmo tendo a certeza de que não estás triste, porque já esperavas uma coisa assim, porque o CSKA é melhor e porque nem sequer és adepto do Sporting, adormeces a pensar na bola vermelha com pentágonos brancos que te deram há muitos anos.

(Bruxelas, 28 de Junho de 2000, França-Portugal;
Incheon, 14 de Junho de 2002, Coreia-Portugal;
Lisboa, 4 de Julho de 2004, Portugal-Grécia...)


Era a tua primeira bola de couro e durou três dias. Nem percebeste bem quando ta roubaram. E agora, mesmo tendo a suspeita de que não voltarás a vê-la, continuas à procura. Vais continuar a procurá-la todos os dias da tua vida, em todos os estádios onde entras, em todos os jogos que vês, em todos os jogos que recordas ou imaginas. E, principalmente, em todos os jogos que perdes.

(by Espoliado de Incheon)

Um grande abraço, João

Aprendi com a própria que a vida quase nunca é justa. E ela encarrega-se de lembrar-me de tempos a tempos que essas são as regras do jogo, que não há nada a fazer. A minha avó dizia-me, naquele jeito de anciã de quem viu gravadas na pele as estradas da amargura, que "os bons morrem cedo e os maus ficam para semente". Pois é, dona Virgínia, tinha muita razão!

Hoje, recebi a notícia de choque frontal. "Sabias que o João Manuel morreu?" Fiquei mudo por instantes e lembrei-me de todas as vezes em que nos despedimos, ao telefone ou em pessoa, com "um grande abraço". O João foi o jogador de futebol mais correcto que conheci, um homem bom, que gostava de ajudar todos os que precisavam dele. Fez o que mais gostava até aos 37 anos. Ainda me lembro da nossa última conversa como se fosse hoje: "Vou jogar enquanto me sentir bem. Quando achar que já não consigo, digo a toda a gente que já não consigo". E apoiei-o, mesmo julgando que estava a fazer mais do que o meu papel: "Fazes bem, João! O futebol precisa é de gajos como tu!"

O João era um gajo porreiro e, talvez por o ser, liguei-lhe muitas vezes enquanto ele jogava. Mas não tive coragem de continuar para além de "um grande abraço" dito ao telefone, assim que soube da sua doença. Nós comunicávamos assim. Com "um grande abraço". Sinceramente, soube que, traduzido por miúdos, lhe tinha dito que "se precisasse de alguma coisa eu estava aí para as curvas". Acredito mesmo nisso. Acho que ele também.

Por isso, João, um grande abraço para ti.
Luís Mateus

A culpa

Não foi do Peseiro; não foi do Ricardo; não foi do árbitro; não foi da relva; não foi do tempo; não foi dos nervos; não foi do desgaste; não foi da sorte; não foi do azar; não foi do público; não foi da inexperiência; não foi da veterania; não foi da falta de confiança; não foi do excesso de confiança;

Não:

a culpa foi do Daniel Carvalho e, principalmente, da cabra da Nelly Furtado, que alguém inventou ter muito a ver com Portugal e os portugueses e de cada vez que abre a boca num estádio nos faz perder finais. Quem estava em Alvalade e começou a ouvir o «come-me à força» ao intervalo sabe perfeitamente do que estou a falar.

(by Espoliado de Incheon)

quarta-feira, maio 18, 2005

Façam como o Osvaldo...

Aqui há dois dias, na RTP1, Rui Tovar e o autor da tirada mais sexual do futebol português (em homenagem a um jogador do U. Leiria) - que sobreviveu à mesma e continua a comentar jogos - trouxeram-nos a caminhada do Sporting até à final da Taça das Taças de 1964.

Vi pela primeira vez o curto resumo - ainda não era nascido em 64 - da fantástica goleada dos leões ao Manchester United de Bobby Charlton, Denis Law e George Best. O 4-1 sofrido em Inglaterra (convém lembrar que os golos marcados fora de casa não tinham as mesmas propriedades de desempate que têm hoje) deixava poucas perspectivas de qualificação para o último jogo antes da final, com o Lyon. Mas, inesperadamente, o Sporting venceria por 5-0, numa das maiores exibições (conta-se, porque não vi todas) da sua história.

Nesse jogo de Alvalade, e apesar da péssima qualidade de imagem, soltei aquela expressão que normalmente se utiliza para um golo bonito ou para uma grande jogada: "Oh, meu Deus! Mas que belo momento de génio!" É claro que isto é só para tornar o texto mais erudito, porque o calão não pode ser aqui reproduzido.

Um pouco depois do meio do meio-campo (no sentido da baliza adversária), o senhor Osvaldo Silva marcou um livre directo. Lembram-se do golo de Ronaldinho ao Chelsea de fora da área? Foi mais ou menos assim, mas com uma dose dupla de desprezo. E de muito mais longe. Tocaram sinos, o céu escureceu, relâmpagos iluminaram o céu*. Que as vitórias de outrora empurrem o Sporting esta noite para a segunda conquista europeia da história! Que o talento de Osvaldo ilumine e inspire a noite!

* Quem não gosta de associar a natureza a um jogo de futebol, o real ao sobrenatural, então é porque nunca leu "Onze Contos de Futebol", do fantástico Camilo José Cela. É como um golo de calcanhar. Fica sempre bem.

(by El Pibe da Trafaria)

terça-feira, maio 17, 2005

Teste de QI

O seu filho mostra-lhe um brinquedo que acabou de roubar da loja de onde saíram. A sua reacção é...

a) Puxá-lo pelas orelhas até ao local do crime e obrigá-lo a devolver o brinquedo e a pedir desculpas.

b) Não o expõe à humilhação de voltar à loja, mas castiga-o assim que chega a casa com uma semana sem ver o canal Panda.

c) Diz-lhe simplesmente: "Deixa lá, eles também nos roubam nos preços. Vamos até ali comer um gelado".

P.S. Alguém agora me explica por que os homens da UEFA e dos prémios Laureus escolhem sempre a opção C? É para que voltem a fazer o mesmo, é?
(by El Pibe da Trafaria)

O erro de Ricardo

O golo de Luisão ao Sporting explica perfeitamente por que só a Brigdestone e a Michelin fazem parte do circo da Fórmula 1.
(by El Pibe da Trafaria)

Procura-se

Procura-se jogador, treinador ou dirigente do Sporting que sabia antes do jogo que uma derrota por 1-0 na Luz afastava a equipa da luta pelo título. O Dias da Cunha não vale: sempre disse que é o sistema.
(by El Pibe da Trafaria)

segunda-feira, maio 16, 2005

«Happy end»

O que este campeonato merecia, mas merecia mesmo, era um final assim:

a) graças a um charuto de Ambassa, o Benfica perde no Bessa, apesar dos 20 mil adeptos e das forças vivas da economia a lembrar o bem que faria ao país a ida do título para a Luz. Álvaro Magalhães é visto, nos últimos minutos, com uma crise de choro convulsiva, enquanto Trapattoni lhe diz para ter calma, dando-lhe palmadinhas nas mãos.

b) no Dragão, o F.C. Porto passa o jogo todo a pressionar a Académica, mas apesar de jogar com três pontas-de-lança e cinco médios criativos não consegue marcar um único golo às reservas da Briosa. Vítor Baía é o melhor em campo, segurando o 0-0 com três defesas magníficas a perigosos contra-ataques conduzidos por Sarmento.

c) perante 2.737 espectadores o Sporting ganha 1-0 ao Nacional. Golo do Hugo, nos últimos minutos, após passe em profundidade de Ricardo. Os adeptos resistentes sentem sérias dificuldades para festejar o que quer que seja. Na flash-interview após o jogo, Ricardo dedica a sua participação no golo ao único comentador de cabeça grande que conseguiu ver a agressão de que foi alvo por parte de Luisão no jogo da Luz.

Feitas as contas, o Benfica sagra-se campeão, mas os jogadores e adeptos só se apercebem disso três horas depois, já a equipa vem no autocarro, a caminho de Lisboa. Everson, Paulo Almeida, Delibasic e Carlitos são os mais efusivos nas manifestações de júbilo. No Dragão, Pinto da Costa culpa José Mourinho pelo sucedido, equaciona o regresso de Octávio Machado ao comando técnico para disciplinar o balneário e pondera voltar-se para o mercado asiático na planificação da nova época. Em Alvalade, Pedro Barbosa, Hugo Viana e Beto desistem de explicar a Douala que o campeonato já acabou e o Sporting não ficou em primeiro.

(by Espoliado de Incheon)

Ai a coerência, a coerência...

A selecção portuguesa de futebol de praia, desta vez, conseguiu «vencer» o Brasil. Mas, mais uma vez, voltou a «perder» com a equipa que ganhou. «Hélas»...

(Em Busca do Prejuízo Perdido)

domingo, maio 15, 2005

É preciso ter olho

O Benfica tem olho para as contratações, ninguém tenha dúvidas disso. Se calhar, estão a lembrar-se do Bossio, do Pesaresi, do Rojas, do Dudic, do Éder e mais recentemente do Paulo Almeida ou do Karadas. Por isso, talvez pensem que estou avariado do capacete. Nada disso. O Benfica tem mesmo olho para o mercado e já justificou o estatuto ao não ter contratado Ricardo na época passada.

(by Livre de Marcação)

Apito dourado

Por não ser vulgar; por ter sido exemplar na forma como foi esvaziando a pressão de um jogo decisivo; por ter encontrado desde muito cedo o tom ideal para lidar com os jogadores, impondo respeito sem se tornar um inimigo; porque o futebol português precisava muito de uma actuação assim, deixo aqui um justíssimo aplauso para a arbitragem de Paulo Paraty. A par dos veteranos Manuel Fernandes e João Moutinho, foi o homem mais sereno, maduro, confiante e personalizado de todos os que pisaram o relvado da Luz. Saia um apito dourado para este senhor. No bom sentido, claro.

(by Espoliado de Incheon)

Também está bem...

No duelo entre o que sabia mais e quis de menos e entre o que queria muito e não sabia bem como, ganhou o segundo. Com um golo que não se soube bem como apareceu, nem porquê - à parte a conclusão, óbvia, de que quem não tem uma defesa (e um guarda-redes) acima de qualquer suspeita corre riscos enormes quando quer ser prudente e jogar para o zero a zero, bem mais do que correria se tentasse mandar no jogo através dos seus pontos fortes.

Olhando para tudo o que foi este campeonato, apetece citar Pedroto: «Também está bem». Realmente, seria injusto que uma Superliga em que os candidatos bateram «records» de tiros nos pés, semana após semana, se decidisse de outra forma que não através de um golo pateta.

Resta saber se o «record» de tontice agora fixado por Ricardo - que ultrapassou o de Liedson, que por sua vez tinha ultrapassado o de Quaresma em Moreira de Cónegos, que por sua vez ultrapassara o de Trapattoni em Penafiel, que por sua vez... - vai durar até ao fim da época. Em condições normais, só faltaria uma semana para o Benfica ser campeão. Nas condições deste campeonato, o «só» transforma-se num interminável «ainda», assombrado por mais um punhado de golos patetas e tiros nos pés.

(by Espoliado de Incheon)

quarta-feira, maio 11, 2005

'Tás a perceber ou queres um desenho?!

Há jogos que não servem para nada, se não para vincar ideias. Um pouco como aqueles amigos chatos, cheios de razão, que continuam a querer marcar pontos nas discussões, mesmo depois de toda a gente já ter percebido que eles estavam certos desde o princípio.

A vitória do Chelsea em Old Trafford foi um desses momentos. E se o 3-1 final foi o ponto de exclamação no 37º argumento, já o golaço do Tiago foi o «dasss!» inapelável e categórico, que acabou de vez com a conversa.

(by Espoliado de Incheon)

Parábola confusa e de moral obscura

Quando era miúdo e acreditava que podia ser o melhor jogador do mundo tinha a mania de roer as unhas. Entre golos impossíveis e recitais de dribles, entregava-me a verdadeiras orgias roedoras, só parando quando as pontas avermelhadas dos dedos semidevorados me tornavam impossível qualquer movimento de mãos.

Depois, na adolescência, fase mística por excelência, refinei os procedimentos. Em vez de roer as unhas todos os dias, instituía a «semana da abstinência», antes de jogos importantes. Resistia à tentação e as unhas iam crescendo, dia após dia. Ficavam cheinhas, apetitosas, e no dia do jogo eu entrava em campo duplamente motivado. Com a perspectiva de ser o melhor do mundo mas, acima de tudo, com o momento em que finalmente pudesse metê-las na boca, roendo uma após outra, com brio (mindinho), denodo (anelar), pundonor (médio), arreganho (indicador) e pertinácia (polegar).

Tudo isto para dizer que não foram as semanas de abstinência que me fizeram deixar de roer as unhas. Isso só aconteceu no dia em que percebi que havia tantos sítios estimulantes onde pôr os dedos que a tentação de colocá-los na minha própria boca era o traço de alguém com horizontes limitados e mundos estreitos. E então deixei-me de tretas: assumi que ser o melhor do mundo não era para mim e parti para outra.

(by Espoliado de Incheon)

terça-feira, maio 10, 2005

De fonte fidedigna

A ideia chegou tarde, mas, ao que este blog conseguiu apurar, as próximas primeiras páginas de "A Bola" já não sairão em tons de vermelho e branco, mas sim de azul celeste e branco, em nome da pureza jornalística.

Consta que o Espírito Santo fez a sua aparição ao conselho de redacção e mostrou bastante desagrado com, e passo a citar, o "vermelho pouco ético" das primeiras páginas, conotadas, desde os primórdios da cristandade, com o mal.

Por iniciativa própria, chegou a haver um estudo para colocar umas asinhas na bola que faz parte do logótipo, mas os responsáveis pelo grafismo decidiram não fazer alterações tão drásticas por apenas uma semana.
(by El Pibe da Trafaria)

Uma dúvida

As semanas começam ao domingo ou à segunda-feira?

(by Falso lento

Vocês viram?

Grande sketch! O que eu me ri com o Rui Unas de cabelo e bigode grisalhos na SIC Notícias, aqui há uma hora. Este "Inimigo Público" está a ficar cada vez melhor! Afinal, um tema tão pouco feliz como "Semana em nome da ética" dá para fazer humor de grande nível em Portugal.
(by El Pibe da Trafaria)

Estou a aguentar-me

O Veiga já me ligou cinco vezes mas nem o atendi. Tinha ido à casa-de-banho e perdi o discurso do major. O Dias da Cunha falou logo quando estava a ver a «Quinta das celebridades». O Pinto da Costa foi inaugurar a décima Casa do F.C. Porto do mês mas eu tinha ido levar o lixo à rua. A minha filha passou para o canal Panda mal viu aparecer o Couceiro. Estamos no segundo dia da Semana do Futebol e ainda não escrevi sobre arbitragens e apitos de várias cores. Só pode ser vontade de Deus.

(by Falso lento)

Semana santa

Escrevi dez parágrafos de alguma profundidade sobre a Semana do Futebol, em «A Bola», mas não vou publicar nenhum. Afinal, estamos proibidos de falar em quem prejudica o futebol.

(by Falso lento)

Uma impressão de última hora

Última hora: Presidente do D. Moscovo disposto a pagar cerca de 19 milhões por Maniche e Costinha.

No estado em que estão as coisas, é provável que o F.C. Porto volte a ceder perante mais uns quantos milhões de euros e a vontade dos dois últimos alicerces do título europeu em fazer um contrato melhor. É impressão minha ou isto vai acabar (ou será continuar?) mal?
(by El Pibe da Trafaria)

Há suspeitas...

1. de que Liedson viu Quim na bancada e tentou fazer-lhe um chapéu;

2. de que Quaresma tenha perguntado pelo estado de saúde do auxiliar no jogo de Moreira de Cónegos;

3. de que Trap afinal quis mesmo ganhar o jogo em Penafiel;

4. de que o "Manifesto" seja um documento sério em nome da verdade desportiva;

5. de que o campeonato esteja tão nivelado por cima que, na próxima temporada, vão convidar Mourinho para treinar um dos grandes, só para provar que nem ele consegue ganhar com mais de um ponto de avanço.
(by El Pibe da Trafaria)

Vejam lá se param de perseguir-me!

1- No final da derrota com o Penafiel, Trapattoni disse que o Benfica devia, pelo menos, ter sido capaz de segurar o empate. Mas esqueceu-se de dizer que foi ele a dar o primeiro sinal de impaciência e nervos, lançando Mantorras e Delibasic ainda com 0-0. Depois, veio Luís Filipe Vieira excomungar o benfiquismo do árbitro Pedro Proença, sem referir, em momento algum, que o Benfica nunca teve a atitude exigível a um candidato ao título.

2- Ricardo Quaresma veio junto à lateral protestar com o árbitro auxiliar. Bruno Paixão expulsou o número 10 do F.C. Porto, afastando-o do jogo com o Rio Ave. No fim do empate com o Moreirense, Couceiro mostrou-se indignado e falou em «coincidências» a propósito de se ver privado de Luís Fabiano e Ricardo Quaresma para o fim-de-semana. Nem uma palavra a criticar Quaresma: as «coincidências», para manterem as aspas tão cheias de segundo sentido, não podem diluir-se com erros próprios.

3- Liedson chegou à linha de fundo, percebeu que faltavam 20 segundos para acabar o jogo e, para ajudar a passar o tempo, disparou uma biqueirada rumo às cadeiras. Olegário Benquerença deve ter esfregado os olhos, para ter a certeza de que estava a ver bem. Depois, mostrou-lhe o amarelo que o afasta do jogo com o Benfica. À saída de Alvalade, os adeptos mostravam-se indignados. «Já veio para aqui com o objectivo de mostrar o cartão ao Liedson», dizia um. «Como não pôde impedir-nos de ganhar, afastou o Liedson do próximo jogo», dizia outro. As variantes sobre o tema eram infindáveis, mas o árbitro foi sempre o culpado de tudo e, por omissão, o Liedson culpado de coisa nenhuma.

4- Eu cheguei aqui disposto a escrever um «post» cheio de lucidez e inteligência. Ou pelo menos com alguma piada. Um «post» engraçadinho, vá lá. Minimamente razoável. Mas, está visto, não consegui. E começo a estar farto destas coincidências: já repararam que isto só acontece com os «posts» que vocês cá vêm ler?! Não acham que é perseguição da vossa parte? Como é que se pode escrever bem com leitores assim?! Hmmm?! Vocês já entram no meu blog para me prejudicar, não é?! Uma vergonha, é o que é. Depois digam que não há sistema!

(by Espoliado de Incheon)

sábado, maio 07, 2005

Voltaste a arrepiar-me, Jorge

A TSF acaba de dar a notícia: Jorge Perestrelo morreu. A jornalista segurou a voz enquanto pôde e levou a palavra até ao registo que trouxe o Jorge de volta: relatava o golo de Miguel Garcia, em Alkmaar. Arrepiei-me, Jorge. Sempre que nos juntamos nestas viagens à volta dos clubes aproveitamos para falar de tudo, comparamos estilos, avaliamos o que muda e o que se mantém. Tu nunca cabias em categorias. Ainda na quinta-feira falámos nisso, pela milésima vez. Sempre achaste piada à diferença. Nunca quiseste ser um tipo fácil. Partes depois dos repetidos «eu te amo Sporting» que arrepiam. Quando era a sério, Jorge, quando era preciso dar tudo, tu eras o melhor. O mais forte, o mais ousado. De ti vou guardar a irreverência perante os que se acham poderosos. As noites ao teu lado, a contar jogos. O carinho que sempre me deste. O apoio e a confiança. Eu era um miúdo, nem sei bem quem teve a lata de me pôr a comentar jogos ao teu lado. Na tua voz, eu dizia sempre coisas muito inteligentes. Na quarta-feira vi o teu contentamento quando um miúdo do Sporting, que te ouvia em Londres pela net, te pediu um autógrafo e quis tirar uma fotografia contigo, para mostrar ao pai quando voltasse a casa. É o que ele deve estar a fazer agora, Jorge. Tenho a certeza que está. Por mim, guardarei na memória e no coração todas as vezes que nos emocionámos, na bancada de um estádio, por causa de um jogo de futebol. Acabei de ouvir o golo do Miguel Garcia dito por ti. Ficou muito bem. Foste grande, Jorge.

Luís Sobral

sexta-feira, maio 06, 2005

Três palavras* para explicar** um apuramento

1-Pedro
2-Bar
3-Bosa

*plágio descarado de uma conhecida figura da marginalidade lisboeta
** com um bocadinho de exagero, mas só um bocadinho

(by Espoliado de Incheon)

Uma fatia da infância

Tinha onze anos quando vi pela primeira vez uma equipa portuguesa numa final europeia. O Benfica de Eriksson (Bento, Pietra, Humberto, Bastos Lopes, Veloso, Shéu, Carlos Manuel, Stromberg, Chalana, Filipovic, Nené, mais o Álvaro, o José Luís, o Alves e o Diamantino) já tinha entrado no meu imaginário pela gloriosa vitória em Roma (Tancredi, Nela, Vierchowod, Di Bartolomei, Maldera, Conti, Prohaska, Ancelotti, Falcão, Pruzzo e Iorio) mas perceber que um dos «nossos» podia ter a consagração suprema daqueles travellings lentos ao longo dos onze rostos alinhados a meio-campo, numa quarta-feira de Maio, teve a força de uma revolução no meu mundo.

Um ano depois, foi já sem surpresa, mas com igual intensidade, que assisti à estreia do F.C. Porto (Zé Beto, João Pinto, Eurico, Lima Pereira, Eduardo Luís, Frasco, Jaime Pacheco, Sousa, Jaime Magalhães, Gomes e Vermelhinho) nessas quartas-feiras mágicas. Do outro lado estava o melhor jogador do Mundo, na era-pré-Maradona, e a Juventus (Tacconi, Gentile, Brio, Scirea, Cabrini, Bonini, Briaschi, Vignola, Platini, Rossi e Boniek) era treinada por um tal Trapattoni que me fez perceber, aos 12 anos, que as vitórias nem sempre rimavam com alegria e encantamento.

A seguir veio a magia de Chalana, no Euro-84, a noite louca de Marselha (Bento, João Pinto, Eurico, Lima Pereira, Álvaro, Frasco, Sousa, Jaime Pacheco, Chalana, Jordão e Diamantino, mais Gomes e Nené), com a França, o milagre múltiplo de Estugarda, a humilhação do México-86, a consagração de Viena (Mlynarczyk, João Pinto, Eduardo Luís, Celso, Inácio, Quim, André, Sousa, Jaime Magalhães, Madjer e Futre, mais Frasco e Juary), as finais perdidas do Benfica no Neckarstadion e no Prater...

Quando dei por mim era um adulto. Ou algo parecido com isso. Percebi-o, porque começava a ser-me difícil fixar os nomes dos nossos adversários. E porque já não passava semanas a roer as unhas, antecipando uma qualquer meia-final com o Barcelona ou o Inter. Aliás, já nem sequer roía as unhas: comecei a fumar e, heresia suprema, até deixei de decorar os nossos onzes.

As emoções da infância estavam guardadas numa gaveta fechada à chave. Só a Selecção, muito de vez em quando, conseguia encontrá-la. Como na Holanda, em 2000. Como no Euro da bandeirinha na varanda, onde apesar de todo o folclore-pimba e das derrapagens populistas houve uma equipa capaz de ganhar a imortalidade no meu imaginário. Mas mesmo as vitórias do F.C. Porto de Mourinho já não mexiam com algo tão profundo: vivi-as como a consagração do melhor treinador da história do futebol português, e de uma cultura de valores colectivos que tinha em Jorge Costa, Baía e Costinha as expressões mais determinadas e em Deco e Alenitchev o talento autorizado pelo rigor. Um processo empolgante, muitas vezes brilhante, mas demasiado adulto e racional para me fazer sonhar com os jogos, muito menos decorar os onzes. Os «nossos» e os dos adversários.

Ao longo deste ano, a equipa de Peseiro soube fazer-me sonhar durante alguns momentos. Em Roterdão, durante 90 minutos, em casa com o Newcastle, durante 70, em Middlesbrough, durante 50. Com o AZ, durante metade do segundo jogo e nos cinco segundos que Pinilla demorou a marcar aquele golo em Alvalade. Os tempos mudaram, e daqui por uma semana terei dificuldades em lembrar-me de mais do que dois ou três jogadores dos holandeses. A própria equipa do Sporting não é fácil de memorizar: Rogério ou Miguel Garcia? Beto ou Enakharire? Custódio ou Rochemback? Hugo Viana ou Pedro Barbosa? Sá Pinto ou Douala?

Tenho 33 anos e até hoje nunca tinha visto o Sporting numa final europeia. No fundo, faltava-me uma pequena fatia da infância. A proeza dos homens de Peseiro chegou um pouco tarde de mais para a minha memória e para a capacidade de me sentir maravilhado com coisas que o tempo torna banais. Mas foi simpático da vossa parte, rapazes. Pela parte que me toca, obrigado.

(by Espoliado de Incheon)

Estou tão contente

Alkmaar acordou com sol, esta sexta-feira. Mas admito perfeitamente que seja sobretudo dos meus olhos. Estou tão contente. Cada vez que se tem a possibilidade de acrescentar um jogo de futebol à memória é uma felicidade. Este vai ficar lá bem guardadinho, num canto especial. Já sei que as minhas filhas viram tudo, pelo que não será preciso explicar-lhes muito mais sobre futebol. O Az Alkmaar-Sporting teve tudo. Face ao adiantado da hora, já dormiam quando o presidente do Sporting não soube estar à altura do momento que se vivia. Perfeito.

P.S.: Não vou dizer nomes, mas deixo a estória, porque retrata a falta de referência de muitos dos jornalistas de desporto por esta altura. Uns minutos depois de o presidente do Sporting ter feito insinuações ridículas sobre o estádio, o relvado e a UEFA, um jornalista gritava, excitado, «Tenho de enviar isto já para Lisboa, amanhã vai ser manchete e abertura de noticiários! É uma bomba!». Um dia destes deveríamos parar um bocadinho para reflectir sobre estas coisas. Afinal, quem é Dias da Cunha ao lado de Miguel Garcia?

(by Falso lento)

quarta-feira, maio 04, 2005

Desabafo

Depois de ver o banho de bola que o PSV voltou a dar ao Milan.
Depois de ver repetida a história da primeira mão, com a crueldade de um golo no último minuto a anular os esforços de quem tratou sempre melhor a bola.
Depois de olhar para as caras destroçadas dos jogadores do PSV no apito final. Depois de ter passado o jogo todo a insultar o Ancelotti e a gritar-lhe «mete o Rui Costa, testa di cazzo!», para tentar ver um bocadinho de paixão no Ministério do Futebol do Governo Berlusconi.
Depois de ter confirmado, como se tal fosse ainda preciso, que Guus Hiddink é um dos melhores e mais positivos treinadores da actualidade.

Só tenho a dizer uma coisa: ainda bem que não sou holandês. Se fosse, não ia conseguir dormir esta noite.

(by Espoliado de Incheon)

Metafísicas e fundamentalismos a propósito de uma bola ao lado

Há certezas que nos transcendem, que desafiam qualquer explicação lógica, mas que são incontornáveis. Querem um exemplo? Tenho a certeza absoluta e fundamentalista de que se o Chelsea não se tivesse sagrado campeão no sábado a bola do Gudjohnsen entrava na baliza do Dudek. E agora provem-me o contrário...

(Espoliado de Incheon)

Pelo contrário: condeno e repudio qualquer tipo de violência

Uma sugestão à UEFA para acabar com o surto de exibicionistas cretinos e patrocinados, que interrompem os jogos por uns segundos de glória em prime-time: deixem-nos durante vinte minutos no balneário da equipa derrotada. Ontem, tivesse o patético catalão experimentado, no fim do jogo, um prolongado tête-à-tête com Gallas, Terry, Makelele, Geremi, Huth e companhia e aposto que durante uns tempos não voltaríamos a ter sinais dele. Até porque é muito difícil invadir o campo de muletas.

(Espoliado de Incheon)

Isto não é um apelo à violência. A sério que não

Tenho uma grande curiosidade por resolver: o que é que o Ricardo Carvalho vai fazer da próxima vez que o imbecil do Jimmy Jump lhe saltar ao caminho nos últimos minutos de um jogo decisivo? Tendo em conta os antecedentes, com a Grécia e o Liverpool, tudo o que seja menos do que um pontapé no céu da boca é curto. Com pitons de alumínio, claro.

(Espoliado de Incheon)

terça-feira, maio 03, 2005

Perdeu, e então?

Gostei de ver o Mourinho perder. Não sei se vai chegar à conferência de imprensa e disparatar, mas aquela imagem, agarrado ao infeliz do Robben (vou parar dois minutos para insultar o holandês, como é possível!?, fez tudo ao contrário!), era a prova que faltava: o homem sabe perder. Escusam dizer que estou a escrever cedo de mais, devia esperar para ver o que ele diz, etc, etc. Não me convencem. Já pus o dvd do Nick Cave. Por mim está bem assim. Também, só mesmo o Liverpool para ter vontade de ir a Istambul perder com italianos. Canta, Nick, não lhes ligues. Podem tentar, mas não nos estragam o resto do dia.

(by Falso lento)

segunda-feira, maio 02, 2005

Comparações (in)evitáveis

Às vezes em frente à televisão, damos conta de coisas que nunca reparámos. Estamos sozinhos, a ver futebol e, de repente "zás!". Foi isso que me aconteceu no Chelsea-Liverpool da semana passada. Aliás, foi bem antes, mas este jogo fez-me recordar a mesma ideia:

Baros e Nuno Gomes
O checo parece ser tudo o que o português ainda não conseguiu. Têm o mesmo estilo físico, a mesma capacidade de embalarem para a baliza, movimentos semelhantes e são internacionais pelos respectivos países. Mas Nuno Gomes parece ter parado no tempo, apesar de ser fundamental numa equipa como o Benfica e ainda opção na Selecção Nacional. Baros está muito à frente na capacidade de improviso, na potência de remate e de aceleração. Nuno Gomes seria um Baros se tivesse tido a mesma capacidade de evolução. Vai miúdo, acredita!

Mas esta comparação lembrou-me outras:

Pedro Barbosa e Le Tissier
Acho que nunca chamaram "croissant" ao antigo jogador do Southampton. Os seus golos andam em todos os tops, um pouco ao jeito de Pedro Barbosa, também talhado para a classe. Le Tissier jogava praticamente parado, sempre ali, perto da linha de área, para poder rematar à baliza. Barbosa é um pouco mais interventivo, vai até às alas, cruza... comparado com o inglês, parece mesmo um atleta dos 100 metros. Sinto-me realizado, há quem nunca tenha dito isto do capitão do Sporting.

Manuel Fernandes e Makelele
Manuel Fernandes contra Makelele. Fisicamente, pela força e disponibilidade, são parecidos. Têm técnica, embora o português pareça já ter saltado algumas etapas da evolução do francês, que cresceu imenso no Real Madrid. Manuel Fernandes é ainda mais abrangente em termos de espaço, talvez pela generosidade física e mental que lhe dá a juventude. Eu aposto que Manuel Fernandes vai ser grande, alguém põe dinheiro no contrário?

Casillas e Moreira
Trapattoni estragou-me esta comparação e não me lembro de ninguém parecido com o Quim.

P.S. Podia continuar, mas infelizmente o miúdo já está a fazer as papas sozinho, com uma consistência tal que dava para levantar um muro no meio da cozinha...
(by El Pibe da Trafaria)

A cama de Jaime

Esperem lá, o Pacheco demitiu-se?

Mas o Boavista não tinha por objectivos, corrijam-me se estiver errado, a luta pela Europa e a reconstrução da equipa? A falta de força dos "grandes" não terá contribuído em demasia para que dirigentes e treinador tenham encarado o título, por força das circunstâncias, como uma grande aposta? E a desilusão, com a derrota frente ao Sporting e agora em Coimbra, não terá sido bem maior do que a qualidade dos homens às ordens do Jaime? Não encontrar o oásis depois de ter seguido a miragem foi certamente duro de mais para o técnico.

Ver o Boavista jogar é um pesadelo, lamento. Há muito que o modelo que fez a equipa campeã, também numa altura em que os grandes estavam fragilizados, está ultrapassado. Será que há alguém que consiga pôr aquela equipa de novo a jogar à bola? Mesmo que não volte a ser campeã... Jaime Pacheco chegou a acreditar que tinha nos seus métodos o segredo para o sucesso. Mas, há quem só se engane uma vez...
(by El Pibe da Trafaria)

Mourinho, que raiva!

Mourinho, que raiva... Ganha tudo, o homem. Na próxima época, vou apoiar o Arsenal, o Manchester United, o Liverpol e o West Bromwich Albion. Quem está comigo que atire a primeira pedra!

A minha esperança é de que o Zé seja acusado de provocar pouca competitividade na Premier League, criem novas regras para a potência do motor e para o reabastecimento e aumentem as chicanes no seu caminho. Aí é que eu quero ver como se safa...

P.S. Quem não perceber o tom deste post que vá ver o compacto do "Teste de Fidelidade" da TVI e o respectivo clone da SIC, um pouquinho mais cor-de-rosa, cujo nome se me desapareceu nas últimas horas.
(by El Pibe da Trafaria)

domingo, maio 01, 2005

A propósito do Benfica-Belenenses

A última vez que me assinalaram uma falta para grande penalidade aconteceu uma coisa muito estranha. Ia a passar na rua, chutaram uma bola, bateu-me numa perna, ressaltou para a mão direita. Da varanda, um tipo apitou e foi «penalty». Felizmente esqueceu-se de mostrar o cartão amarelo, pelo que segui o meu caminho.

(by Falso lento

Mauricio, desculpa lá!

Tudo o que disse até agora foi sem pensar. Um abraço, sim?

(by Falso lento)

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