Um grande abraço, João
Aprendi com a própria que a vida quase nunca é justa. E ela encarrega-se de lembrar-me de tempos a tempos que essas são as regras do jogo, que não há nada a fazer. A minha avó dizia-me, naquele jeito de anciã de quem viu gravadas na pele as estradas da amargura, que "os bons morrem cedo e os maus ficam para semente". Pois é, dona Virgínia, tinha muita razão!
Hoje, recebi a notícia de choque frontal. "Sabias que o João Manuel morreu?" Fiquei mudo por instantes e lembrei-me de todas as vezes em que nos despedimos, ao telefone ou em pessoa, com "um grande abraço". O João foi o jogador de futebol mais correcto que conheci, um homem bom, que gostava de ajudar todos os que precisavam dele. Fez o que mais gostava até aos 37 anos. Ainda me lembro da nossa última conversa como se fosse hoje: "Vou jogar enquanto me sentir bem. Quando achar que já não consigo, digo a toda a gente que já não consigo". E apoiei-o, mesmo julgando que estava a fazer mais do que o meu papel: "Fazes bem, João! O futebol precisa é de gajos como tu!"
O João era um gajo porreiro e, talvez por o ser, liguei-lhe muitas vezes enquanto ele jogava. Mas não tive coragem de continuar para além de "um grande abraço" dito ao telefone, assim que soube da sua doença. Nós comunicávamos assim. Com "um grande abraço". Sinceramente, soube que, traduzido por miúdos, lhe tinha dito que "se precisasse de alguma coisa eu estava aí para as curvas". Acredito mesmo nisso. Acho que ele também.
Por isso, João, um grande abraço para ti.
Luís Mateus
Hoje, recebi a notícia de choque frontal. "Sabias que o João Manuel morreu?" Fiquei mudo por instantes e lembrei-me de todas as vezes em que nos despedimos, ao telefone ou em pessoa, com "um grande abraço". O João foi o jogador de futebol mais correcto que conheci, um homem bom, que gostava de ajudar todos os que precisavam dele. Fez o que mais gostava até aos 37 anos. Ainda me lembro da nossa última conversa como se fosse hoje: "Vou jogar enquanto me sentir bem. Quando achar que já não consigo, digo a toda a gente que já não consigo". E apoiei-o, mesmo julgando que estava a fazer mais do que o meu papel: "Fazes bem, João! O futebol precisa é de gajos como tu!"
O João era um gajo porreiro e, talvez por o ser, liguei-lhe muitas vezes enquanto ele jogava. Mas não tive coragem de continuar para além de "um grande abraço" dito ao telefone, assim que soube da sua doença. Nós comunicávamos assim. Com "um grande abraço". Sinceramente, soube que, traduzido por miúdos, lhe tinha dito que "se precisasse de alguma coisa eu estava aí para as curvas". Acredito mesmo nisso. Acho que ele também.
Por isso, João, um grande abraço para ti.
Luís Mateus
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