A malta gosta de bola, prontos. Uma vez até fizemos um site, que se chama maisfutebol. Somos jornalistas e tudo. Mas aqui não. Diagnósticos, prognósticos e inseguranças técnico-tácticas para maisfutebol@iol.pt

sexta-feira, setembro 30, 2005

Halmstads, e os piores pesadelos de um adepto

Tenho de ser sincero, a derrota do Sporting com o Halmstads não foi particularmente dolorosa. Não foi agradável, claro que não, mas também não me provocou insónias. Acho que fazer do futebol o meu trabalho acabou por me fazer esquecer o que é ser adepto. Trouxe-me à memória, isso sim, um outro jogo, esse verdadeiramente doloroso.

Um Sporting-Grasshoppers para a Taça UEFA. Ganhámos na Suíça 2-1 e acabámos eliminados em Alvalade depois de perder por 3-1. Despontava no Grasshoppers um miúdo chamado Élber. No Halmstads parece despontar agora um miúdo chamado Djuric. Enfim, semelhanças. Se calhar por isso é que me lembrei dessa eliminatória.

Ora do Sporting-Grasshoppers em Alvalade a minha memória seguiu para os piores jogos da minha vida de adepto. Essa derrota em Alvalade entra nos cinco primeiros, seguramente, mas não ocupa o trono. Esse está entregue definitivamente aos 6-3 de Alvalade. Uma liderança isolada de uma noite que deixou marcas para sempre.

Lembro-me de João Pinto marcar o 3-2 e pensar que o Sporting ainda ia dar a volta na segunda parte. Lembro-me do Isaías marcar o 4-2 e pensar que a coisa estava a ficar feia. Lembro-me do Hélder marcar o 6-2 e não pensar. Da sala segui imediatamente para o quarto onde me deitei rapidamente não fosse o dia demorar muito a acabar.

No segundo lugar está um Rapid Viena-Sporting, para a Taça das Taças. Ganhámos em Alvalade 2-0 e fomos à Áustria perder 4-0. Era Carlos Queiroz o treinador. Uma noite ao nível das piores tempestades. Lembro-me de acabar o prolongamento, ver o Sá Pinto e o Naybet aos murros ao relvado e pensar que se calhar aquilo era mesmo verdade.

Mesmo assim ainda fui para o quarto com a sensação que no dia seguinte ia a acordar e ver que tudo não tinha passado de um pesadelo. Infelizmente não tinha sido. Depois desse jogo fiquei a odiar para sempre um búlgaro de nome Ivanov - não sei o que é feito de ti, pá, mas onde quer que estejas espero que andes com prisão de ventre.

O último lugar do pódio está entregue também a uns austríacos. Foi na época anterior à eliminação com o Rapid, para a Taça UEFA, era Bobby Robson o treinador. O Sporting ganhou em Alvalade 2-0 em casa e foi perder 3-0 a Salzburgo. Outro jogo que não se esquece, infelizmente. Desse jogo não sobrou nenhum búlgaro para odiar, mas o poster do Costinha deixou de estar por cima da cama na parede de lado.

(by O homem a quem lhe aconteceu não sei o quê)

O livre

O que Jaime fez no último segundo do Sp. Braga-Estrela Vermelha é simplesmente inaceitável. É verdade que tinha entrado bem no jogo. É verdade que tinha feito muito mais pela vitória do que o desinspirado Rossato, com quem discutiu o direito a marcar o último livre da partida. E é verdade que, por vezes, os jogadores têm uma fé que não se explica e lhes dá a certeza de que aquele é o seu momento de glória.

Dito isto, quem assume um risco daqueles, afrontando treinador, companheiros de equipa e normas estabelecidas, só tem um caminho a seguir: meter a bola no ângulo e sair do campo a correr, mandando calar tudo e todos em seu redor com um indicador colado aos lábios. Aquele remate frouxo, tão ao lado do poste esquerdo dos sérvios e do milagre, fez mais do que sentenciar a eliminatória: definiu-o como um irremediável vencido, o «loser» que apostou as últimas economias no vermelho para ver sair o preto. Por muito que possa vir a fazer no futebol português, Jaime nunca deixará de ser, no fundo das memórias de quem viu o jogo, «o-garganeiro-que-lixou-aquela-eliminatória-da-UEFA-ao-Braga». Injusto, sim. Mas irremediável.

Vê-lo ajoelhado, com as mãos na cabeça, a perceber aos poucos a dimensão da asneira que tinha feito, foi constrangedor. E deixou a certeza de que a única coisa capaz de lhe limpar a imagem e resgatar a carreira era, naquele preciso instante, levantar-se e ir direito ao Zenga, para fazê-lo comer o boné.

(by Espoliado de Incheon)

A gota de água

... O que me custou muito, mas mesmo muito, foi ver o boné do Zenga a fazer a festa no estádio mais bonito da Europa. E custou-me ainda mais não haver ali alguém com memória, capaz de lhe atirar um definitivo «o Marlon Brandão e o Ricky é que te topam, ó palhaço!». De resto, foi tudo normal. Ou quase.

(by Espoliado de Incheon)

terça-feira, setembro 27, 2005

Olha outro...

Paulo Bonamigo, treinador do Marítimo, apresenta-se e explica as suas prioridades: «Agora preciso de resultados, acima da actuação. Talvez comece por montar uma equipa prática e objectiva, deixando a parte das exibições convincentes mais para a frente».

De repente eu, que até gosto de equipas práticas e objectivas - mas não as sabia incompatíveis com exibições convincentes - fico cheio de vontade de perguntar ao senhor: se o caminho mais curto para os resultados não passa pelas actuações, para quê incomodar-se?

(by Espoliado de Incheon)

SportTV memória

Domingo, ao fim da noite e do trabalho, passo de canal em canal, num «zapping» cansado e sem destino. De súbito, vejo o Figo a correr, a fintar, a tirar defesas da frente, naquele jeito faz-que-vai-mas-não-vai-e-vai-mesmo. Estou meio ensonado, por isso não presto muita atenção à equipa por que joga, nem aos defesas que vão sendo tirados da jogada.

Não sei que jogo é, que campeonato é. Nem interessa muito: um Figo a jogar assim é coisa do passado, dizem os que nasceram para assobiar. De um passado muito distante: afinal há pelo menos dez anos que ele é um «bluff», um produto de «marketing», um protegido da imprensa. Talvez mesmo quinze. Se é que alguma vez foi bom.

Por isso, e porque me pareceu num relance que o jogo era do Inter (mas como, se o Inter contratou o mau profissional, o pré-reformado, a vedeta ultrapassada?) e não tinha acontecido há mais de três ou quatro horas, decidi desligar a televisão e ir para a cama. Quando continuamos a ver o presente com olhos do passado, o problema deve ser mesmo nosso. Só pode.

(by Espoliado de Incheon)

segunda-feira, setembro 26, 2005

Lembram-se?

O Peseiro não se defendeu, naquela substituição do Liedson pelo Beto. Como é hábito.

Mas tem um ponto a seu favor, como lembrava aqui a amiga que partilha a mesa de trabalho comigo: foi assobiado e ofendido pelos únicos adeptos que foram capazes de invadir uma sala de imprensa para impedir que José Mourinho fosse o seu treinador. Convenhamos que lhes falta alguma moral para desdenhar treinadores. E no entanto eles movem-se...

(by Falso lento)

sábado, setembro 24, 2005

O ano do bom futebol?

Ainda é cedo, mas pode ser (nada de foguetes, vamos pensar jogo a jogo).

As arbitragens estão melhores do que nunca, com árbitros mais seguros e amigos do jogo (aliás, neste momento deve ser a única coisa em que somos melhores do que os espanhóis...). Existe Co Adriaane e até o Benfica vai demonstrando, devagarinho, que também ali é possível gostar mais da bola. Temos ainda a competência do Rio Ave, o crescimento interessante do Belenenses, a curiosidade pelo Boavista de Carlos Brito, a excelência do Sp. Braga e uma discussão gira sobre quão redonda deve ser uma bola, motivada por um holandês inteligente e alimentada pelos treinadores. Uma discussão que tem pelo menos o mérito de criar pressão sobre os que jogam mal e nunca souberam, desejaram ou sequer imaginaram jogar bem.

Neste panorama, mais fresco do que é costume, falta um Sporting que se solte, capaz de acreditar que as melhorias no seu jogo devem ser conseguidas a partir do que existia na época passada e não reconstruindo (mal...) a casa. Se o bom futebol também aparecer em Alvalade, domingo à noite, esta terá sido uma jornada feliz.

(by Falso lento)

sexta-feira, setembro 23, 2005

Grande gajo!

É ponta-de-lança do Wigan e escreve no site da BBC.

Leiam aqui a opinião de um goleador sobre a discussão do momento: está o futebol inglês a ficar aborrecido? Jason Roberts acha que não.

(Falso lento)

quinta-feira, setembro 22, 2005

O tempo

Gosto do Carvalhal. Desde aquela brincadeira do Leixões. No Belenenses tem estado bem, sobretudo este ano, na época passada esperava mais. Mas isso agora não interessa nada.

Hoje o Carvalhal falou de futebol como os treinadores não costumam falar. Não se referiu apenas aos seus jogadores e aos do F.C. Porto, ao próximo jogo, que é sempre o mais importante, e essas coisas.

Falou do futebol que prejudica o jogo. Falou das coisas que andam mal por cá e fez a pergunta da época, pelo menos até ver: «Está alguém a pensar o futebol em Portugal?»

Claro que todos sabemos a resposta, mas perguntar é sempre giro, porque, como sabem os jornalistas, perguntar pode incomodar mais do que responder.

É evidente que ninguém tem paciência para pensar no futebol, quanto mais explicar alguma coisa. (agora ia escrever que os dirigentes são o pior disto tudo. Mas não escrevo, porque tenho a certeza que já o disse mil vezes e escrevi pelo menos 500, pelo que o risco de me tornar aborrecido deixaria de existir: seria um facto) Mas há quem tente fazer alguma coisa.

No início da época, os árbitros convidaram os treinadores para uma conversa, com perguntas e respostas. Só metade dos clubes profissionais lá esteve, não poucos representados por adjuntos. A coisa decorreu na Covilhã, que é uma cidade engraçada, e até metia comes. Mesmo assim a casa não encheu.

Pode ser que os principais interessados nunca tenham tempo para uma jantarada. Como nós não temos tempo para ler mais, escrever mais, viajar mais, almoçar mais com os amigos, ir mais ao cinema e ao teatro, até à bola. O tempo é uma coisa lixada e portanto é muito provável que seja ele também o responsável primeiro pelo futebol que temos. No fundo, quem gosta de futebol quer. Até os dirigentes querem. Mas não têem tempo.

(by Falso lento)

quarta-feira, setembro 21, 2005

Conversas com o grilo (I)

- Olha lá...
- Sim?
- Com tanta coisa importante a acontecer no mundo...
- Já sei o que vais dizer.
- As eleições na Alemanha.
- Não me interessam.
- O «Rita», depois do «Katrina».
- Trágico. Horrível. Mas não vou falar sobre isso, muito menos contigo.
- O Carrilho, a Fátima, o Isaltino, o Cavaco.
- ...
- O Iraque, a ameaça do terrorismo, bolas!
- Sim. Mas neste blogue não.
- Já leste o Guerra e Paz?
- Não.
- Aposto que nunca viste um filme do Mizoguchi, ou do Ozu. Ou, pior ainda, do Jean Renoir.
- Pois não.
- Quantos livros leste nos últimos meses? Quantos autores novos descobriste este ano?
- Poucos. Dois.
- Há quanto tempo não vais ao teatro?
- Há um ano? Talvez mais, não sei, a sério.
- Há quanto tempo não entras num museu?
- ...
- Quantos CD's tens em casa por ouvir?
- Muitos. Aí uns 300.
- E não achas que é um desperdício?
- Sem dúvida.
- Não estou a falar dos CD's, isso é um desperdício óbvio, nem tem discussão. Estou a perguntar-te se não achas um desperdício passar uma noite de insónia a tentares lembrar de cabeça todos os resultados e marcadores do Mundial de 1982 e depois pôres-te à procura de um pretexto para escrever sobre isso? Não achas que devias fazer alguma coisa por ti abaixo? Não serias uma pessoa mais útil se deixasses de gastar tempo com essas merdas?
- Não. Sim. E não.
- É só isso que tens a dizer em tua defesa?
- Pelo menos não sou um insecto imaginário com pretensões moralistas. Onde estavas tu no dia do Itália-Brasil no Sarriá, ó palhaço?

(by Espoliado de Incheon)

Vai em frente, Co

Desconfio que existe uma altura na vida em que toca uma campainha e descobrimos que ganhar não é tudo . Aliás, desconfio segunda vez no mesmo parágrafo, há dias em que vencer assemelha-se demasiado com nada. Aprendi-o aos 14 anos, em 1982, e desde já aviso que o mérito é alheio.

Agradeço ao Brasil de Zico, Sócrates, Júnior e Falcão (o meu preferido). Eu estava pela Itália antes de o Mundial 82 começar. Mas naquela tarde de 5 de Julho compreendi tudo: jamais veria outro jogo assim, a minha selecção ganhara e eu estava triste. Duas décadas depois aquele «escrete» permanece um notável exemplo do que é jogar bem. A Itália continuou a ser a Itália.

Lembrei-me disto porque nos últimos dias conversou-se sobre a qualidade do jogo. O treinador do F.C. Porto, Adriaanse, atirou-se às equipas que abusam das faltas e aos que são cúmplices. Curiosamente, em Inglaterra o tema também se discute. Wenger diz que as equipas têm obrigação de dar espectáculo e entreter os adeptos, Mourinho acha que nem por isso.

Andam preocupados, os ingleses, porque os jogos estão a tornar-se previsíveis, que é outra forma de demonstrar incómodo por o Chelsea estar a dar ainda menos hipóteses. Queixam-se um pouco de barriga cheia. Em 2004/05 os estádios tiveram uma taxa de ocupação superior a 94 por cento. Esta temporada parece haver menos público e por isso eles correram a formar um grupo de sábios que estude o problema e proponha soluções. Têm medo que depois de dez anos a criar uma liga exemplar algo de errado esteja a suceder. E fazem bem.

Em Portugal há vários anos que o relatório anual da «Deloitte» revela que a média de espectadores nos estádios portugueses ronda os seis mil por jogo. Que se saiba a Liga nunca procurou qualquer solução para o problema (no último relatório escreveu Valentim Loureiro: «Urge encarar, urge reflectir». E a seguir continuou em campanha eleitoral). Até há quem jure que se joga bem no nosso campeonato. É muitas vezes mentira, confirma-se ao fins-de-semana.

Os dirigentes dos clubes, com escassas excepções, não demonstram especial preocupação com a falta de adeptos e durante o Verão só discutiram se os árbitros deveriam ser sorteados ou nomeados. Provavelmente, a maior parte não descobriria as diferenças entre o Brasil e a Itália, mesmo que a solução estivesse escrita página, logo ao lado das gravuras, como nos livros para crianças.

Porque é assim, acho que Co Adriaanse tem razão: bate-se muito, joga-se pouco e ninguém diz nada. Temos um futebol de cábulas, uma turma com demasiados alunos satisfeitos por passar com «10». O F.C. Porto pode nem ganhar, mas agora que o Sporting vive uma crise de identidade é o mais parecido que temos com uma equipa que se preocupa em jogar bem. Como em Portugal urge reflectir mas não se reflecte, urge encarar mas não se encara e a qualidade do jogo é discussão de aborrecidos, sobram as conclusões empíricas e apressadas. Deixo a minha: deve ser a promessa de futebol de qualidade que faz encher o Dragão. É o miúdo de 14 anos que vive em mim que vos diz.

(by Falso lento)

terça-feira, setembro 20, 2005

Quantos mais melhor

Primeiro a Itália; agora a Espanha.

Em Agosto passado, o futebol italiano mostrou a sua «classe» quando o Milan emprestou Abbiati à Juventus a custo zero depois de Buffon ter ficado sujeito a uma longa paragem, logo na pré-época e depois de um jogo entre as duas equipas.

Este mês, o prémio «fair-play» vai para foi o futebol espanhol.

Puyol e Kluivert jogaram seis anos juntos no Barcelona. Esta quarta-feira, o Barcelona de Pyuol e o agora Valência de Kluivert têm jogo marcado no Camp Nou a contar para a liga espanhola.

O holandês está lesionado e não pode jogar. Pyuol lamentou-o como é normal a qualquer pessoa, a um jogador ou a um amigo. Os dois elogiaram-se, falaram sobre o jogo, o valor do adversário e o da sua equipa.

Até aqui nada de invulgar se passaria; mas seria «apenas» assim se tivessem sido «acções» isoladas. O que ultrapassou o habitual foi que as palavras foram trocadas lado a lado numa entrevista conjunta promovida pelos sites dos dois clubes.

Da outra vez não o realcei. Desta, tento não deixar passar. É sempre bom ter bons exemplos. E se houver mais algum para referir, seja bem-vindo!

(by Em Busca do Prejuízo Perdido)

sábado, setembro 17, 2005

Artigo indefinido

Na sua crónica de hoje, na «Dez», Mourinho queixa-se do estado em que os jogadores voltam aos clubes depois de uma semana de trabalho nas selecções nacionais. E deixa uma promessa: «quando um dia treinar uma selecção analisarei em profundidade os métodos utilizados nos clubes e tentarei individualizar as cargas em função dos hábitos».

Reparem como é verdade que Deus está nos detalhes: Mourinho não diz «se», diz «quando». E não diz «a Selecção», diz «uma selecção». Neste caso, o artigo indefinido define o autor da frase. Porque deixar portas entreabertas é uma marca de previdência recorrente no percurso de Mourinho. E planear vários cenários com antecedência também.

Scolari lida com evidente desconforto com o fantasma de sobretudo cinzento. Eriksson, que tem um pouco mais de «finesse» e um mundo de horizontes mais rasgados, deve conseguir disfarçar melhor.

(by Espoliado de Incheon)

sexta-feira, setembro 16, 2005

Inquietante

Gosto do Carlos Brito, por causa do Rio Ave, e uma das curiosidades da época é perceber se ele consegue mudar o Bessa.

Estava a ver o Naval-Boavista e dei por mim a achar que o Areias é o melhor jogador do Boavista.

Espero que o Carlos Brito seja mesmo bom. E tenha paciência.

(by Falso lento)

segunda-feira, setembro 12, 2005

Um grande golo para mais tarde não recordar

Paulo Machado fez o golo da jornada. Apesar de Quaresma e apesar de Liedson.

Pegou na bola bem antes do meio-campo, fintou quem apareceu (foram quatro, um quinto «caiu» para o lado errado com uma simulação) e depois quando viu o guarda-redes da Naval, desviou para a baliza.

Grande golo. Grande golo mesmo.

E então? Foi filmado apenas com uma câmara, com a luz natural e as sombras manhosas do estádio do Estrela da Amadora, num dia à tarde em que as bancadas estavam quase despidas. Foi um grande golo, mas viu-se mal.

O futebol é cada vez mais um jogo de televisão. Sabemos aquilo que vemos. Sobretudo o que vemos bem, com repetições de vários ângulos, boa iluminação, movimentos lentos que transmitem emoção.

Resumindo: o Paulo Machado é novo e ainda não percebeu como isto funciona. Da próxima vez, miúdo, deixa os grandes golos para os jogos com que passam na tv, ok?

(by Falso lento)

domingo, setembro 11, 2005

E pronto, jogou mesmo

Koeman fez mesmo de Carlitos a arma secreta no «derby».

Assim de repente senti-me insultado e pensei: «bolas, não percebo mesmo nada disto». O Carlitos anda nestas vidas há mais de um ano, nunca o vi fazer uma jogada, o Trapattoni também não, de repente chega o holandês e descobre ali um diamante.

O Carlitos entrou mesmo. Estive a olhar para ele com atenção e acho que não é assim tão mau como se diz. Se repararem, enquanto esteve em campo o Tello nunca conseguiu cruzar. Mal o Carlitos saiu foram remates e, claro, o cruzamento do chileno para o Liedson.

Marcar o defesa esquerdo. É isso que se pede a um extremo direito do Benfica de Koeman. Para atacar estão lá na frente o Miccoli e o Simão. Um sofre a falta, o outro marca o golo de livre. Chega perfeitamente.

Fica registado: acho que o Carlitos não esteve mal. Cumpriu perfeitamente a sua missão prioritária.

P.S. : No dia em que o Benfica ganhar um jogo com uma ala direita João Pereira-Carlitos comerei o meu chapéu.

(by Falso lento)

sábado, setembro 10, 2005

(...)

Um parêntesis. Sócrates posou para a fotografia na implosão de Tróia. Afinal, o detonador era a fingir e só estava lá mesmo para o PM. Ainda assim, fez o que qualquer outro faria: mordeu a língua e fez o olhar habitual de Cristóvão Colombo. Só que desta vez o playback falhou e o betão começou a cair antes de o governante empurrar a manete em «T», como nos desenhos do Road Runner e do coiote.

Os americanos são bem mais espertos: Bush não vai para nenhum debate sem o auricular (inspira... expira... inspira...) e, depois do mamilo invasor, as transmissões da Superbowl são feitas com segundos de atraso.
(by El Pibe da Trafaria)

Os traços do clássico

O derby deste sábado é daqueles jogos que os teóricos da bola-no-pé adoram. Um bloco, uma caneta, uma infografia, um ecrã de televisão e uma batuta, e muitas setas para trás, para a frente, na diagonal... E, num ápice, o relvado do Estádio de Alvalade transforma-se num mapa do metro de Nova Iorque.
(by El Pibe da Trafaria)

Koeman é nosso amigo

Passamos horas na redacção a dar palpites sobre as equipas que o holandês escolhe.

Por exemplo em Alvalade. Fazia sentido jogar com quatro defesas (até admito o Ricardo Rocha, para dar centímetros), Manuel Fernandes, Beto e Karagounis no meio-campo, mais Simão, Miccoli (ou Geovanni) e Nuno Gomes na frente. Mas não deve ser nada assim.

Como Koeman mandou Mantorras para casa, é provável que Nuno Gomes (ou Miccoli) fique no banco. Se avançasse com os dois, um deles perdesse fulgor com o tempo e a equipa estivesse atrás no marcador, que faria o treinador?

Como Koeman manteve Geovanni e Carlitos nos 18, é provável que um deles jogue de início (não faz sentido ter dois extremos «iguais» no banco).

Como João Pereira era o preferido antes de Nelson, que tal se fosse ele o titular na direita?

Como Koeman gostou tanto (e não foi só ele...) do primeiros minutos com o Gil Vicente, até pode acontecer que o Benfica entre em Alvalade com três centrais e Nelson outra vez na esquerda.

Koeman é nosso amigo: não é fácil acertar na equipa. Resta discutir.

Cúmulo 1: giro mesmo era Koeman fazer de Carlitos a arma secreta do jogo.

Cúmulo 2: coisa para discutir durante semanas era ganhar o jogo assim.

(by Falso lento)

sexta-feira, setembro 09, 2005

A esperança até tem muito a ver com futebol

Há relativamente pouco tempo deliciei-me com um Benfica-Sporting fantástico, que encheu de bons adjectivos quem gosta de futebol.

A relatividade tem a ver com «há quanto tempo foi esse jogo» - claro! -; que tanto pode ser algum se tivermos em conta que foi em Janeiro; mas que pode ser bem menos se procurarmos lembrar-nos de algum jogo melhor depois desse.

Amanhã é dia de Sporting-Benfica. E, com tudo o que tem sido dado a mostrar e o muito (muito mais mesmo) que não se consegue deixar de tentar prever, talvez poucos estejam à espera que as duas equipas nos ofereçam mais um espectáculo memorável.

Isso é o que garantidamente não se sabe. O ano passado (e é indiferente ter sido um jogo da Taça) foi um ano em que muito se classificou o campeonato com os maus adjectivos que se podia encontrar – pelo menos até uma certa altura.

Mas foi com esse tal campeonato a decorrer que aconteceu um dos melhores jogos dos últimos tempos. E, aqui, a relatividade do tempo prolonga-se um bom bocado...

Por isso, por que não esperar por mais um jogão daqueles que já aconteceram entre Sporting e Benfica, Benfica e Sporting?... a ordem não interessa, a casa não interessa, quem «está melhor» não interessa... E como seria bom os mais pessimistas serem contrariados... Não é o que todos gostávamos que acontecesse?

P.S. Não estou a querer dar uma no cravo e outra na ferradura: do género «eu sabia perfeitamente que isto...», num caso; ou «eu bem disse que podia...» noutro. Estou apenas a dizer que também participo nas antecipações – claro! -, mas que são análises (e mais do que isso não conseguem ser e são) sobre um jogo de futebol. E que é um jogo entre estas duas equipas.

(by Em Busca do Prejuízo Perdido)

Sem título

O estertor do déspota é um daqueles momentos em que nos é permitido ficar contentes com a sorte de outrem.

(by Em Busca do Prejuízo Perdido)

quinta-feira, setembro 08, 2005

Uma questão de decência

Criticar ou elogiar Cristiano Ronaldo por ter decidido jogar em Moscovo naquelas circunstâncias é simplesmente obsceno. Igualmente obsceno, seja num sentido ou no outro. Revela uma arrogância sem limites e uma absoluta falta de respeito pela esfera mais íntima de uma pessoa. E é sempre uma pessoa - apenas uma pessoa, não uma figura pública, não um ícone - que está em causa perante a morte, a família e os afectos.

Por isso, tenhamos a decência de não misturar as coisas, valorizando ou apoucando a sua atitude com a mesma ligeireza com que se comenta as opções tácticas de Scolari. Cristiano decidiu jogar porque só ele podia tomar essa decisão. Isso não faz dele melhor ou pior profissional, nem uma pessoa mais ou menos estimável. Mostra-nos, apenas, um homem. Que, para o que aqui interessa, possui um extraordinário talento e o dom, raríssimo, de produzir magia com uma bola. O resto é conversa mesquinha de alcoviteiras.

(by Espoliado de Incheon)

quarta-feira, setembro 07, 2005

Melhor do que a vida...

...e, às vezes, até melhor do que o cinema: o futebol. A Irlanda do Norte ganhou à Inglaterra. Nem que seja só durante 90 minutos, é bom ver a terra rodar ligeira, na direcção certa.

(by Falso lento)

Estou a aceitar apostas

«Nem um tsunami impediria Portugal de se apurar». Quem é o responsável por esta pérola, por este momento único de bom gosto? Uma ajuda: costuma ser apresentado como jornalista.

Respostas para maisfutebol@iol.pt

(by Falso lento)

Se dúvidas houvesse...

Confirma-se. De facto, isto não está nada bom para o mundo das penas de tons encarnados. Agora foi uma gralha de nome Mantorras que foi detida pela GNR por ter dado cabo do canastro a uma galinha e está em cativeiro em Monsanto. Melhores dias hão-de vir...

(by Em Busca do Prejuízo Perdido)

«Afinal, sou alérgico a penas»

Mike Tyson gosta de pombos e do Benfica porque (também) tem uma águia no símbolo. A forma como terminou a carreira de pugilista não foi a mais condizente com o seu currículo. A forma como o Benfica começou o campeonato também não. O mal só pode ser um: a gripe das aves.

(by Em Busca do Prejuízo Perdido)

terça-feira, setembro 06, 2005

Strange days

Esta foi a semana em que:

Ficámos a saber que o ex-campeão mundial da dentada na orelha torce pelo Benfica porque gosta de pombos e o Benfica tem uma águia como símbolo.

O melhor-jogador-da-Europa-durante-três-semanas-de-Junho-em-2004, também conhecido como a-prova-viva-de-que-Mourinho-faz-milagres, descobriu que a Rússia é um país que fica longe, onde às vezes faz frio e ainda por cima se fala uma língua esquisita.

José Milhazes descobriu uma comunidade luso-portuguesa no Dínamo de Moscovo.

Ao ser questionado pelo site do Sporting sobre a possibilidade de haver dois Benficas, Dias da Cunha respondeu: «Dois... ou mais», explicando assim por que motivo janta com o Benfica-1 às 2ªs, 4ªs e 6ªs e desanca no Benfica-2 às 3ªs, 5ªs e sábados, guardando os domingos para ser apresentado aos novos Benficas que se acumulam sobre a secretária durante a semana.

Valentim Loureiro, presidente da Liga de clubes, especialista em apelos ao voto em Gute...Gondomar e candidato à câmara da cidade com o mesmo nome, entrou para o «guiness book» como novo recordista na categoria de «piadas-fáceis-sobre-a-estatura-de-Marques Mendes-em-apenas-30-segundos-de-discurso».

O Governo decidiu acabar com a época oficial de incêndios.

Tirando isto, mais nada.

(by Espoliado de Incheon)

segunda-feira, setembro 05, 2005

Última hora

O Benfica vai avançar para uma fase mais agressiva, digamos assim, de venda de kits. Quem comprar pode ir à bomba abastecer com desconto; quem não comprar é «convidado» a aguentar um «round» com Mike Tyson, o benfiquista.

(by Falso lento)

domingo, setembro 04, 2005

Os blocos

Inconfidência: o presidente do V. Guimarães tem medo de blocos. Quando um jornalista pega no bloco e aponta a esferográfica em direcção ao papel, o homem fica-assim-a-modos-que. Se forem microfones ainda pior. É meio caminho andado para dizer que não fala. Há quem diga que é por ser uma pessoa discreta e que não gosta de se alongar muito nas suas considerações. Outros defendem que ainda não se sente muito à vontade nos meios mais mediáticos (os resultados e a forma de jogar da equipa também não ajudam, é certo). Enfim, teorias à parte, o problema de Vítor Magalhães nem são os jornalistas, são mesmo os blocos.

(by Livre de Marcação)

Hugo Cunha

Apenas duas mil pessoas no Estádio D. Afonso Henriques para homenagear Hugo Cunha, no V. Guimarães-U. Leiria. «S-o-l-i-d-a-r-i-e-d-a-d-e» ainda é uma palavra difícil de pronunciar em Portugal...

(by Livre de Marcação)

sábado, setembro 03, 2005

Major

Também por causa do tema do post, prometo que serei breve. A conferência de Imprensa na Liga para desmentir uma notícia de um jornal diário - Apito Dourado, claro - foi algo que me deixou a pensar. Afinal, onde termina o futebol e começa a política? Uma espécie de mistura explosiva que até dá jeito em campanha eleitoral. Graças a Deus, há campeonato no próximo fim-de-semana.

(by Livre de Marcação)

sexta-feira, setembro 02, 2005

A selecção natural

Coitadas das anedotas de salão. Parece-me que têm os dias contados.

Depois dos «vai lá vai» e «é já a seguir» seguem-se os «arrotos» e os «traques» nos anúncios.

Desconfio que o próximo passo será «cuspir na sopa e bater na avó»...

(by Em Busca do Prejuízo Perdido)

quinta-feira, setembro 01, 2005

Adorava o Barradas

Durante anos, para mim o Salgueiros foi um campo pelado. O «quintal», acho que era assim que lhe chamavam os jornalistas.

Vidal Pinheiro e Alcobaça. Vila do Conde (memória de uma foto do Nhabola, a correr, golo, uma baliza imensa, areia, bancadas), também. E ia jurar que até Águeda. Ainda sou do tempo em que havia campos pelados na primeira divisão, o que ajudava a acreditar que o clube da frente da nossa janela também lá chegaria. Não chegou, mas um dia eliminámos o Salgueiros da Taça. 1-0, golo de Paulo Vida, não vou esquecer.

Mas não é por isso que gosto do Salgueiros.

Acho que é por causa do Barradas, o clássico guarda-redes português de clube pequeno. Ainda estava no balneário e já era a figura do jogo. Defendia uma, duas, dez bolas e se a coisa corresse bem a sua equipa perdia apenas por 6-0. Em dia abençoado empatava 0-0 e tinha direito a 15 centímetros de fama nos jornais do dia seguinte (nessa altura havia fotografias de golos e balizas).

Quando me fiz jornalista já o Vidal Pinheiro tinha relvado. Subia-se por uma escada de caracol e no Inverno isso significava arriscar a vida (sim, exagero). Ficava-se empoleirado num galinheiro e via-se o possível. Era o Salgueiros, ninguém levava a mal.

Como muitos outros, até o velho salgueiral (prometo que não vou falar na alma...) não estava imune à incompetência e aos maus dirigentes. Por isso hoje desistiu do futebol sénior. Desconfio que o campo também não existe. Faz sentido: também já não há guarda-redes como o Barradas. Mas é pena.

(by Falso lento)

Argumento irritante

Não sou um tipo alto, mas juro que nem é por isso: irrita-me que assim à partida desvalorizem o Miccoli por ser baixote.

Também me irrita que achem o Mário Soares um mau candidato por ter passado dos 80. Eu assim de repente lembrava-me de dez razões antes dessa.

Sei que nas escolas fica muito por ensinar, mas pelo menos esta coisa simples devia ser explicada: não se faz opinião sobre as pessoas a partir do seu aspecto físico, da sua idade, sexo ou cor da pele. É básico. Choca-me que alguém perca tempo a escrever uma «opinião» que parte desse ponto.

Futebolisticamente, avaliar um jogador pela altura ou peso é uma cretinice. Cre-ti-ni-ce.

Mas, sim, também acho que o Benfica precisava de um outro avançado mais encorpado. Um Karadas, até. Mas o Miccoli é que não tem culpa.

(by Falso lento)

Sempre quis dizer isto

Gosto muito de trabalhar no Maisfutebol.

(by Falso lento)

Vou dizer já

O Ricardo devia jogar com o Luxemburgo e a Rússia.

Não estou com paciência para discutir o assunto e confesso que não tenho nenhum argumento genial. Só acho que o Ricardo não precisa que o fotografem no banco. Se é para isso levem-me a mim, que até estou a precisar de um retrato novo.

Deixem não jogar o Ricardo. Mas sossegado.

(by Falso lento

O dia seguinte

O dia a seguir ao dia em que fecha o mercado é o dia em que o futebol volta.

(by Falso lento)

«De tanto bater...»

Cada vez que me entra em casa um incêndio em Paris e vejo emigrantes a chorar na rua a morte dos filhos e dos amigos lembro-me da cena inicial do filme. Um tipo cuja imensa tragédia nos vai desarmar dali a uns frames coloca ratos num prédio abandonado, para que os inquilinos o abandonem.

Na ficção bate-se em emigrantes. Na realidade eles morrem queimados. Sempre em Paris.

Tenho saudades de Paris. A outra. Aquela onde íamos jogar futebol e ficávamos acordados toda a noite porque não se vai a Paris para dormir. Para isso há sítios muito melhores.

(by Falso lento)

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