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quinta-feira, setembro 01, 2005

Adorava o Barradas

Durante anos, para mim o Salgueiros foi um campo pelado. O «quintal», acho que era assim que lhe chamavam os jornalistas.

Vidal Pinheiro e Alcobaça. Vila do Conde (memória de uma foto do Nhabola, a correr, golo, uma baliza imensa, areia, bancadas), também. E ia jurar que até Águeda. Ainda sou do tempo em que havia campos pelados na primeira divisão, o que ajudava a acreditar que o clube da frente da nossa janela também lá chegaria. Não chegou, mas um dia eliminámos o Salgueiros da Taça. 1-0, golo de Paulo Vida, não vou esquecer.

Mas não é por isso que gosto do Salgueiros.

Acho que é por causa do Barradas, o clássico guarda-redes português de clube pequeno. Ainda estava no balneário e já era a figura do jogo. Defendia uma, duas, dez bolas e se a coisa corresse bem a sua equipa perdia apenas por 6-0. Em dia abençoado empatava 0-0 e tinha direito a 15 centímetros de fama nos jornais do dia seguinte (nessa altura havia fotografias de golos e balizas).

Quando me fiz jornalista já o Vidal Pinheiro tinha relvado. Subia-se por uma escada de caracol e no Inverno isso significava arriscar a vida (sim, exagero). Ficava-se empoleirado num galinheiro e via-se o possível. Era o Salgueiros, ninguém levava a mal.

Como muitos outros, até o velho salgueiral (prometo que não vou falar na alma...) não estava imune à incompetência e aos maus dirigentes. Por isso hoje desistiu do futebol sénior. Desconfio que o campo também não existe. Faz sentido: também já não há guarda-redes como o Barradas. Mas é pena.

(by Falso lento)

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