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sexta-feira, setembro 30, 2005

O livre

O que Jaime fez no último segundo do Sp. Braga-Estrela Vermelha é simplesmente inaceitável. É verdade que tinha entrado bem no jogo. É verdade que tinha feito muito mais pela vitória do que o desinspirado Rossato, com quem discutiu o direito a marcar o último livre da partida. E é verdade que, por vezes, os jogadores têm uma fé que não se explica e lhes dá a certeza de que aquele é o seu momento de glória.

Dito isto, quem assume um risco daqueles, afrontando treinador, companheiros de equipa e normas estabelecidas, só tem um caminho a seguir: meter a bola no ângulo e sair do campo a correr, mandando calar tudo e todos em seu redor com um indicador colado aos lábios. Aquele remate frouxo, tão ao lado do poste esquerdo dos sérvios e do milagre, fez mais do que sentenciar a eliminatória: definiu-o como um irremediável vencido, o «loser» que apostou as últimas economias no vermelho para ver sair o preto. Por muito que possa vir a fazer no futebol português, Jaime nunca deixará de ser, no fundo das memórias de quem viu o jogo, «o-garganeiro-que-lixou-aquela-eliminatória-da-UEFA-ao-Braga». Injusto, sim. Mas irremediável.

Vê-lo ajoelhado, com as mãos na cabeça, a perceber aos poucos a dimensão da asneira que tinha feito, foi constrangedor. E deixou a certeza de que a única coisa capaz de lhe limpar a imagem e resgatar a carreira era, naquele preciso instante, levantar-se e ir direito ao Zenga, para fazê-lo comer o boné.

(by Espoliado de Incheon)

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