A malta gosta de bola, prontos. Uma vez até fizemos um site, que se chama maisfutebol. Somos jornalistas e tudo. Mas aqui não. Diagnósticos, prognósticos e inseguranças técnico-tácticas para maisfutebol@iol.pt

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Então obrigado, Nélio

O acontecimento mais extraordinário do natal (pronto, do meu natal) foi ter recebido uma mensagem do Nélio Lucas.

Se o trato com a familiaridade do «do», em vez da distância do «de», a culpa é dele. Ninguém o mandou enviar-me uma mensagem.

Em si, a mensagem de natal era apenas uma mensagem de natal. Nem muito curta nem especialmente longa, claramente não original, mas de uma simplicidade que a um espírito menos cínico até poderia ter parecido sensível.

Acontece que praticamente já dei o que tinha a dar para mensagens e as de natal e ano novo estão entre as que menos me dizem. Claro que o Nélio Lucas não tem culpa, mas também, lembram-se, ninguém o mandou enviar-me uma mensagem de natal.

Nélio Lucas, para os mais distraídos, foi o responsável por um dos melhores jogadores que o Benfica já teve: Kalou.

Quando daqui a uns anos alguém pegar nos jornais desportivos de um determinado dia ficará espantado e pensará: que belo jogador este Kalou, não era? Se não ler os dias seguintes da mesma colecção poderá ficar a pensar que de facto estamos perante um fantástico goleador, muito provavelmente alguém merecedor de um capítulo na história do Benfica.

Se passamos a vida a elogiar romancistas e a chorar e rir no cinema, não percebo porque não devemos guardar na memória o nome de quem tão genuinamente contribuiu para um entusiasmante momento de ilusão, no mercado de verão. Nélio Lucas, claro.

Por esses dias, Holanda e Portugal uniram-se como poucas vezes na sua história, em demanda de Nélio Lucas. Também eu lhe liguei. Várias vezes. Sempre sem sucesso, o que arruinaria a minha auto-estima se outro jornalista com ele tivesse conseguido falar.

Percebi agora que as minhas mensagens afinal chegaram ao destino. Nélio Lucas ficou com o meu número e no natal lembrou-se de mim (eu sei, aquilo é tudo automático, mas deixem-me fazer de conta) e desejou-me que alguma coisa boa me acontecesse.

Já que tem o meu número, aproveito para lhe dizer que será bem recebido se um dia destes quiser explicar-me o que afinal aconteceu ao Kalou, um dos melhores jogadores do Benfica, que conseguiu esse estatuto sem precisar de suar, marcar um golo, sequer vestir a camisola com a águia. Apenas porque Nélio Lucas assim quis.

Nélio, acredita que continuo a ter o teu número e daqui a bocado não escapas à minha mensagem de ano novo (se puderes, reenvia-a ao Kalou, ok?). Um abraço.

(by Falso lento)

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Amanhã há treino

Conversa com Folha, o novo director-desportivo do Penafiel:

-Estou sim? António Folha?
-Sim, sou eu.
-Vão tomar alguma posição sobre a expulsão do N'Doye no jogo de ontem com o V. Guimarães?
-Amanhã há treino.
-Ah, sim... E vão pedir a despenalização do jogador para o jogo com o F.C. Porto?
-Amanhã há treino.
-Pois... E já agora, pode falar-se com ele?
-Amanhã há treino.
-Certo... Já agora, amanhã há treino?

(by O homem a quem lhe aconteceu não sei o quê)

O puto mimado e a falta de memória

OK, o Cristiano Ronaldo entrou na Luz de cabeça perdida, passou completamente ao lado do jogo, acusou a pressão e mais não sei o quê.

OK, teve uma reacção malcriada de puto mimado e mostrou que ainda lhe falta poder de encaixe para ser o líder, o símbolo, a referência, ou lá o raio em que costumam querer transformar os jogadores extremamente talentosos (ainda me hão-de explicar um dia por que raio os jogadores talentosos têm de ser sempre algo mais do que o símbolo do seu próprio talento).

OK, provou-se pela enésima vez que as imagens artificiais que se criam à volta dos nossos novos mitos são profundamente tontas. Tão tontas como aqueles que nelas acreditam cegamente, sem questionarem a forma e os objectivos com que são construídas.

Dito isto:

1- É ridículo transformar o sucedido numa ofensa nacional - o miúdo mimado respondeu apenas, de forma timidamente ordinária (já viram pirete mais encolhido e envergonhado do que aquele?!) a quem o assobiou e insultou desde o primeiro minuto. Não a todos os portugueses. Não a todos os benfiquistas. Nem sequer a todos os espectadores presentes na Luz.

2- Quando um público assume a opção de vaiar sistematicamente um jogador, de forma a enervá-lo e a provar-lhe reacções disparatadas, deve encarar os seus nervos e as suas reacções disparatadas como uma vitória. Mas é hipócrita mostrar surpresa e indignação quando sucede aquilo que se procurou o tempo todo.

3- Intimidar os melhores jogadores adversários é uma opção que demonstra, antes do mais, receio pela sua qualidade. Cristiano Ronaldo será um jogador ainda melhor quando perceber isso na pele, sem que alguém tenha de explicá-lo com todas as letras.

4- A falta de memória é característica de públicos manipuláveis e pouco esclarecidos. Depois do sucedido com Cristiano Ronaldo, o que se passou com João Pinto, este domingo, confirma uma tendência sombria. Caso tivessem dúvidas, os jogadores do Benfica sabem agora com o que podem contar no dia em que voltarem à Luz com outra camisola.

(by Espoliado de Incheon)

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Espírito natalício em tempos de crise

Hoje é dia 9 de Dezembro, mas suspeito que quase toda a gente fez as suas compras para oferecer no Natal. Esse espírito torna o portuguesinho apressado, quase raivoso, quando enfrenta as ruas de comércio e os corredores dos centros comerciais. De encontrão em encontrão, as pessoas lá vão andando, com o saco na mão e o olhar assente na próxima loja. Faltam menos de vinte dias para a noite de 24, mas já não posso nem passar perto de Santa Catarina.

Ah, e isto a propósito da crise. Será que é mesmo uma realidade? É porque, de facto, não vejo grandes sinais de crise e já suspeito quando os telejornais abrem com notícias sobre a subida das taxas de juro ou quando os jogadores do Setúbal não recebem ordenados (afinal até estão em terceiro lugar na Liga). De tão habituados que estamos a que nos falem do mau estado das finanças, será que entrámos num patamar quase metafísico em que gastamos o que não é nosso? O crédito não é a única explicação, por isso é melhor que Cavaco comece a falar de outros assuntos, que não a economia. Por mim, sigo as ideias de Jorge Costa, que decidiu apoiar Manuel Alegre, um romântico destas coisas, e sigo contra Vítor Baía, por este se ter deixado fotografar ao lado do homem do tabu que continua a sonhar ser Presidente da República.

Política e futebol, sempre de braços dados. Mesmo em tempos de crise.

(by Arquero)

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Última hora

O Benfica emitiu há minutos um comunicado a pedir desculpa à APAF por não poder cumprir na próxima jornada, frente ao Boavista, a recomendação do corte do relvado para ajudar os auxiliares na lei do fora-de-jogo.

A direcção do clube encarnado diz que vários técnicos estiveram esta manhã na Luz, mas concluíram não terem condições para resolver os estragos causados pelos sucessivos tackles de Anderson na noite de ontem, durante o jogo com o Manchester United.

Há ainda uma nota no documento que revela que no próximo domingo as duas equipas terão de se equipar à vez no mesmo balneário, porque o brasileiro continuava com visão dupla quase uma hora depois do fim do encontro e não conseguia distinguir Van Nistelrooij e Rooney dos bancos do local.

(by El Pibe da Trafaria)

terça-feira, dezembro 06, 2005

Errata

Errata enviada por Co Adriaanse que o Princípio de Pubalgia publica na íntegra:

«Bratislava, 5 de Dezembro de 2005

Em cada dez jogos com o Artmedia, vencemos oito

Co Adriaanse».

(by O homem a quem lhe aconteceu não sei o quê»

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Eu explico quase metade da coisa

Este campeonato leva menos 50 golos que o anterior, que já fora do piorzinho.

Cada um terá a sua explicação para o drama que nos consome. Eu sou capaz de explicar quase metade do problema. E é simples: a culpa é do Norton.

No ano passado, à 13ª jornada, o Vitória de Setúbal de Couceiro tinha marcado mais oito golos e, ainda mais importante, sofrido mais doze. Ou seja, um só treinador está a retirar à Liga 20 golos. É preciso ter lata.

Quem souber que explique o resto.

(by Falso lento)

domingo, dezembro 04, 2005

Óbvio

Os andrades dizem que o penalty do Polga é muito mais penalty que o «eventual penalty» de César Peixoto. Os lagartos dizem que o penalty do César Peixoto é muito mais penalty que o «alegado penalty» do Polga. O Lucílio diz que nenhum dos dois foi penalty. Só pode ser um gandecíssimo lampião!

(by Espoliado de Incheon)

sexta-feira, dezembro 02, 2005

O clássico, onze anos depois

Quem se desse ao trabalho de ligar a televisão ontem às duas da manhã poderia ter visto na RTP Memória o F.C. Porto-Sporting de 1994. Uma daquelas reposições que serve sempre para reavivar a memória e que vem muito bem em vésperas de um novo clássico. Em onze anos porém mudou muita coisa. Mudou quase tudo, aliás.

O estádio já não é o mesmo, a bola já não é a mesma, Figo já não usa cabelo comprido, Paulinho Santos já não distruibui fruta por tudo o que mexe, Carlos Queiroz já não tem bigode, a relva já não é cortada em círculos, até os óculos de Pinto da Costa já não são feitos daquela massa preta à sacerdote da paróquia de Penalva do Castelo do início dos anos oitenta

No meio de tanta coisa que mudou, perguntará o caro leitor deste blog que até pode ser lido de graça, não há nada que continue igual? Ora bem, para além de Vítor Baía na baliza do F.C. Porto, a única coisa que me parece que permace igual é só mesmo o Jorge Costa. Continua sem calçar nem um bocadinho.

(by O homem a quem lhe aconteceu não sei o quê)

Como dantes

O futebol era muito mais emocionante e genuíno quando não havia dinheiro, nem público, nem patrocínios, nem agentes, nem contratos, nem financiamentos autárquicos, nem terrenos, nem TV's para desequilibrá-lo. É óbvio, basta lembramos o nosso futebol de rua.

Mas quem não quiser puxar pela memória tem bom remédio: basta-lhe olhar para a classificação da Liga de Honra. Três pontos entre primeiro e sexto, sete pontos entre primeiro e décimo, o último a empatar em casa do líder, resultados sistematicamente imprevisíveis, jogos emocionantes em que os conceitos de «jogar bem» e «jogar mal» se tornam tão discutíveis e desnecessários como nas nossas peladinhas até ao escurecer.

Que, pelo meio, haja plantéis inteiros sem ver a cor do dinheiro e famílias a passar dificuldades, eis um pequeno inconveniente que passa bem sem ser lembrado nas fontes habituais da nossa amada alienação colectiva. São - ai, como é que os americanos lhes chamavam? - meros danos colaterais deste regresso do futebol à Idade da Pedra. Eu gosto, porque sou um primitivo. E os primitivos não precisam das modernices do profissionalismo para nada.

(by Espoliado de Incheon)

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