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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A bola genuína

Quando era miúdo, ir à bola significava subir a aldeia até aos pinhais e assistir aos jogos do Valonguense, num campo pelado de uma aldeia perto de Águeda. O Campo António Pereira Vidal não era mais do que uma bancada de madeira e chapa, óptima para celebrar golos, e uma grade à volta do campo com duas casinhotas a fazerem as vezes de balneário.

Em dias de festa, rumava-se ao "velhinho" Mário Duarte, em Aveiro, para ver os jogos do Beira-Mar, em épocas de sobe e desce constante. A primeira vez que vi o Benfica, em 1982 (porque o Veloso se tinha transferido de Aveiro para a Luz), o "Beira-Beira" encaixou 8-2, com uma equipa de reservas das "águias". Nada que se compare com os dias de hoje.

No Valonguense, a história e os intervenientes eram outros. Equipas de bigodes e quase-barrigudos, que eram operários durante o dia e jogadores à noite e domingos à tarde, quando havia jogatanas. Os derbis locais eram coisa séria e, cada apito do árbitro, um caso de vida ou morte. "Gatuno" devia ser a palavra mais meiga que o senhor de negro, ainda mais cheiinho na cintura, ouvia...

Revivi isto tudo, ontem à noite, a ver mais uma vez o - involuntariamente divertido - «Liga dos Últimos», na RTPN. Esqueçam-se os "bitaites", gozem-se as reportagens: sobre as equipas que se arrastam pelos pelados/sintéticos dos campeonatos deste país, com febras e coiratos e minis a acompanhar jogadas de fraco rigor táctico que fariam engasgar Gabriel Alves. Assistir refastelado no sofá ao Coimbrões-Oliveira do Douro, genuíno e ingénuo, dentro e fora do campo, foi quase um acto de reconciliação com o futebol.
(by Apanha-bolas)

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