A malta gosta de bola, prontos. Uma vez até fizemos um site, que se chama maisfutebol. Somos jornalistas e tudo. Mas aqui não. Diagnósticos, prognósticos e inseguranças técnico-tácticas para maisfutebol@iol.pt

sábado, fevereiro 19, 2005

Alvo trocado

Gosto de Costinha (e com estas três palavras já ganhei insultos de 354 leitores não-portistas). Gosto da sua personalidade, da coragem física e da inteligência com que, no campo e fora dele, assume sempre a defesa dos interesses do grupo. Mesmo quando o faz à custa de atitudes intimidatórias, estas são sempre pensadas, sempre com um objectivo lúcido - o que faz toda a diferença em relação à brutalidade descontrolada de um Paulinho Santos, por exemplo.

Há três semanas, na derrota com o Sp. Braga, em casa, Costinha foi o símbolo perfeito da mais desnorteada exibição do F.C. Porto dos últimos anos: perdido em campo, sem referências colectivas para encontrar a sua utilidade e com o desejo evidente de sair dali o mais rapidamente possível. Ontem, o gesto com que festejou o golo do F.C. Porto no Restelo (apontar para o escudo de campeão, como já fizera em Guimarães) é a sua cara: uma irritação controlada, um apelo ao respeito pelo colectivo e pela memória recente.

Festejar um golo decisivo com a mão a apontar para dentro ("estes somos nós") em vez do braço esticado para fora ("olhem, este sou eu") é o traço de alguém que há muito percebeu no futebol um jogo que só faz sentido quando os egos e os interesses particulares se diluem na equipa. O problema é que há poucos a acompanhá-lo nessa certeza. Por isso me parece que o seu gesto falhou o alvo: em vez de correr para a lateral, dirigindo-se aos adeptos e às câmaras, talvez fosse mais eficaz mostrar o escudo de campeão a Ibson, Leo Lima, Hélder Postiga, Cláudio Pitbull, Pepe, Diego e Luís Fabiano e, depois, prosseguir durante a semana, nos gabinetes da SAD.

(by Espoliado de Incheon)

Who Links Here