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sexta-feira, novembro 25, 2005

O homem que matou George Best

Bob Bishop era o principal «scout» do Manchester United para a Irlanda do Norte nas décadas de 50, 60 e 70. No seu currículo contam-se várias descobertas de jogadores de projecção internacional como Sammy McIlroy e Norman Whiteside, mas foi pela atenção prestada a um miúdo baixinho e magricelas de 15 anos que ganhou um lugar numa fila recuada da História do futebol.

De entre as centenas de lendas com que a carreira de George Best foi sendo decorada, a lenda fundadora é também a mais simples. Conta que em Agosto de 1961 chegou a Old Trafford um telegrama dirigido a Sir Matt Busby. Vinha assinado por Bob Bishop. E dizia apenas: «I have found a genius. Stop.»

Claro que esta história já foi contada e recontada com infinitas variantes. Que não foi um telegrama, mas um telefonema. Que não foi um telefonema, mas um relatório mais palavroso, onde pelo meio vinha a frase definitiva. Que não foi uma observação, mas várias, a convencer o espião de Busby de que tinha encontrado a lâmpada de Aladino.

Mas não importa, porque a melhor versão é a mais directa e também a mais exagerada. É a simplicidade de «I have found a genius. Stop» que dá algum significado a tudo o que veio depois, recordando-nos que os génios não se fazem, andam por aí, pairando acima de nós. Umas vezes encontram-se, outras não. E, a avaliar pelo que a vida de Best lhe reservou, desde esse telegrama, não é certo que lhes faça bem serem encontrados.

Muito longe dali, mais ou menos na mesma altura em que Best iniciava a viagem para Manchester, na companhia do colega de equipa e futuro internacional irlandês Eddie McMordie, John Ford acabava de filmar «O homem que matou Liberty Valance». Que termina com uma das frases mais célebres da história do cinema: «when the legend becomes fact, print the legend». É talvez a frase mais adequada para lembrar a carreira de Best, as suas intermináveis peripécias que alguns, poucos, viram, muitos mais exageraram («foram só quatro Miss Mundo e não sete», lembrava modestamente o próprio Best) e milhões celebram agora sem conhecer.

É apenas a lenda, iniciada por aquele telegrama enviado - ou não - por Bob Bishop, que vale a pena imprimir quando se fala de George Best.

(by Espoliado de Incheon)

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