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quarta-feira, agosto 31, 2005

A cadeira

Foi apenas um momento. Um momento (como é que é a palavra, mesmo?) singelo, mas cheio de significado. Poucas vezes o futebol português foi tão profundamente retratado em sete segundos.

Pelas 13.10, com as TV's em suspenso e os directos preparados, José Veiga entrou na sala de imprensa da Luz com ar imperial, acercou-se da mesa e das três cadeiras preparadas para a cerimónia. Duas em posição central, uma terceira mais chegada ao lado direito da sala, quase a fugir da mesa e do enquadramento das câmaras. Ao passar por ela, Veiga deu duas pancadinhas discretas no tampo da mesa e olhou para trás. A linguagem corporal foi mais clara do que qualquer frase em italiano: «este é o teu lugar, rapaz». Karagounis sentou-se.

Depois, Veiga seguiu para a cadeira do lado esquerdo, ainda assim bem mais dentro do enquadramento. E então, só então, Vieira entrou na sala e sentou-se também. Confiante, tranquilo e cheio de autoridade. Percebe-se: tinha ganho, de uma só vez, um directo televisivo sem perguntas desagradáveis; um reforço para anunciar aos sócios; a certeza de que este fim-de-semana não haverá jogo, nem críticas a Koeman; e - acima de tudo - a confirmação de que ainda ninguém se atrevera a sentar-se na cadeira. A sua cadeira no centro da sala.

(by Espoliado de Incheon)

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