Em que equipa jogava Ícaro?
Voar com umas asas com penas de pássaro, coladas a cera, em direcção ao sol não é desafiar os deuses. Talvez a gravidade. A inteligência? Ou melhor, é desafiar os deuses da mesma forma que os irmãos Wright o fizeram. A diferença entre os dois mitos é que o segundo é realidade e o primeiro ficção. E não se pode dizer que Ícaro jogava na equipa dos génios...
Ao desafiar os deuses com a imitação do génio, Postiga foi feliz. O que aconteceu depois deveu-se a ter pensado que já alcançara esse estatuto. O portista chegou perto do sol e o seu alter-ego permaneceu lá em cima, deliciado a olhar para o amarelo-laranja intenso, enquanto o corpo caía dramaticamente e se estatelava como desenho animado. Bip. Bip. Até um surpreendido Narciso se desequilibrou para o lago-espelho à sua frente.
Já Vata foi um pouco diferente. Perguntem a qualquer indonésio que encontrem na rua quem ele era. Depois de uns primeiros segundos a tentarem perceber se estão a falar coreano, todos vão dizer que nunca ouviram falar. Nós os portugueses sabemos quem foi. Pelas boas e más razões. A mão que levou o Marselha ao tapete (foi muito mais rápido que Bernard Tapie, aliás) inscreveu o nome do angolano nos cadernos do futebol português.
O que está em causa não é o desafio dos deuses, mas o desafio da lei. O futebol não é uma tragédia grega, o golo não é a catarse. O castigo deve ser imediato e não por obra e graça de um homem que puxe marionetas. Aconteceu no golo com a mão de Postiga - com o repúdio por parte de adeptos e treinadores ingleses - e no de Bruno Moraes, com o assinalar da falta. É menos romântico, mas ao menos não mete deuses ao barulho. Quanto a Maradona, esqueçam tudo o que disse neste parágrafo. Aliás, como jogador foi mesmo inclassificável.
As histórias de Postiga e Vata apenas provam que a História nunca foi uma linha recta. Maradona provou no campo, frente à mesma Inglaterra, que a sua vida era um slalom gigante.
P.S. Não confundir Ícaro com Ico, antigo jogador de V. Setúbal e Boavista.
(by El Pibe da Trafaria)
Ao desafiar os deuses com a imitação do génio, Postiga foi feliz. O que aconteceu depois deveu-se a ter pensado que já alcançara esse estatuto. O portista chegou perto do sol e o seu alter-ego permaneceu lá em cima, deliciado a olhar para o amarelo-laranja intenso, enquanto o corpo caía dramaticamente e se estatelava como desenho animado. Bip. Bip. Até um surpreendido Narciso se desequilibrou para o lago-espelho à sua frente.
Já Vata foi um pouco diferente. Perguntem a qualquer indonésio que encontrem na rua quem ele era. Depois de uns primeiros segundos a tentarem perceber se estão a falar coreano, todos vão dizer que nunca ouviram falar. Nós os portugueses sabemos quem foi. Pelas boas e más razões. A mão que levou o Marselha ao tapete (foi muito mais rápido que Bernard Tapie, aliás) inscreveu o nome do angolano nos cadernos do futebol português.
O que está em causa não é o desafio dos deuses, mas o desafio da lei. O futebol não é uma tragédia grega, o golo não é a catarse. O castigo deve ser imediato e não por obra e graça de um homem que puxe marionetas. Aconteceu no golo com a mão de Postiga - com o repúdio por parte de adeptos e treinadores ingleses - e no de Bruno Moraes, com o assinalar da falta. É menos romântico, mas ao menos não mete deuses ao barulho. Quanto a Maradona, esqueçam tudo o que disse neste parágrafo. Aliás, como jogador foi mesmo inclassificável.
As histórias de Postiga e Vata apenas provam que a História nunca foi uma linha recta. Maradona provou no campo, frente à mesma Inglaterra, que a sua vida era um slalom gigante.
P.S. Não confundir Ícaro com Ico, antigo jogador de V. Setúbal e Boavista.
(by El Pibe da Trafaria)
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