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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Se é para embirrar, então vai tudo a eito

Se os digníssimos sócios desta tasca já tiverem acabado de medir as respectivas pilinhas, queria só contar-lhes uma história. É sobre uma cidade na Argentina, chamada Ushuaia, onde faz demasiado frio todo o ano para que a relva cresça nos campos de futebol. O complexo desportivo municipal é um conjunto de seis pelados de terra gelada, duros como lixa, à entrada da cidade, com o canal Beagle aos pés e os Andes nas costas.

Como não há relva em Ushuaia, as equipas locais não podem participar em campeonatos oficiais. Apesar da concorrência do futsal são os torneios municipais de miúdos que alimentam as discussões de café, ano após ano. E todos os Verões há sempre um ou outro puto habilidoso que se escapa dos pelados de lixa com os sonhos intactos e voa para Buenos Aires (o equivalente a Europa e meia) esperando pela oportunidade de jogar na relva. Que eu saiba, até hoje nenhum se tornou profissional.

Não sei quantos adeptos têm o Benfica, o Porto ou o Sporting na Terra do Fogo. Nem me interessa. Porque para mim o futebol está um bom bocado para lá da escolha de um emblema e de uma ou duas cores para me guiarem a existência. Nestas coisas, desculpem-me, tenho direito a ser tão fundamentalista como vocês. E como a cada dia que passa tenho mais saudades de chegar a casa com os joelhos em ferida, aceno um respeitoso adeus às vossas impressionantes pilinhas de milhões e candidato-me, consciente da minha pequenez de duche gelado, a sócio honorário das pernas esfoladas dos putos de Ushuaia.

(by Espoliado de Incheon)

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