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terça-feira, janeiro 25, 2005

Agora é fácil gostar dele


Por uma vez as estatísticas confirmaram o que todos sabem: José Mourinho é o melhor treinador do Mundo.

Enfim, nestas coisas do futebol ninguém é propriamente o melhor. Está-se o melhor, que a bola continua redonda e dotada de vida própria.

Mourinho nem precisava de ter os números do seu lado, embora ganhar continue a dar muito jeito. Ele é bom e isso vale muito mais do que a simples soma de golos e pontos.

Filho de um treinador de futebol, aos 15 anos espiava as equipas adversárias e escrevia relatórios que só não eram perfeitos porque a mãe, professora, teimava em vigiar o Português. Os outros miúdos queriam ser jogadores, ele sonhava dirigi-los.

Por essa altura chamava «Gullit» ao cão lá de casa, hoje ganha muito mais do que o holandês, que passou de jogador genial a treinador mediano. Mourinho fez o percurso inverso, de futebolista jeitosinho a melhor treinador do Mundo.

Apesar de ter vencido muito e depressa em Portugal, só agora Mourinho começa a ser reconhecido por cá. Num país pintado a cor-de-rosa, para os distraídos e pobres de espírito as frases fortes e o estilo decidido sobrepuseram-se durante demasiado tempo ao talento.

Melhor do Mundo, Mourinho é também o mais adaptado ao seu tempo. Culto, viajado, lê muito, trabalha sempre, escreve bem, analisa com perspicácia. Percebeu antes da maioria o poder dos media e serve-se dele como ninguém.

Para os treinadores de futebol os dias andam difíceis. Os empresários exigem a circulação dos activos (bonita palavra, os que não se mexem ficam no banco), os dirigentes precisam de resultados, os jogadores querem dinheiro rápido. Os adeptos, indiferentes, apenas não apreciam ser gozados pelo amigo no café.

Mourinho gosta de ditar as leis.

Num mundo assim, recusa-se a fazer papel de figurante. Ganhou com uma equipa que desafiou o clube dos ricos, o F.C. Porto. Em Inglaterra construiu o Chelsea, até aí apenas um conjunto de jogadores de um presidente russo multimilionário.

Organizado, metódico, atento ao detalhe, na escola primária só saía para o recreio com lápis e borrachas correctamente arrumados no estojo. Agora, no topo do Mundo, Mourinho parece não ter mudado muito: normalmente só sai do campo com o adversário arrumado. (by Falso Lento)

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